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PREOCUPAÇÕES DE DARWIN

Benedicto Ismael C. Dutra
21/04/2009



Charles Darwin, naturalista britânico que se notabilizou por convencer a comunidade científica da sua época da ocorrência da evolução ao propor uma teoria sobre como isso ocorria por meio da seleção natural, queria, na verdade, descobrir os segredos da natureza. Mas, ao mesmo tempo, ele se preocupava muito com a forma como os homens se vangloriavam de sua restrita sabedoria, tão distante do funcionamento das leis naturais. Não entendia como podiam acreditar e defender estapafúrdias teorias que não tinham nenhum paralelo na vida real.
 
Este estudioso, nascido há exatos 200 anos, percebia que o conhecimento dos homens era mínimo em relação ao que poderiam descobrir e realizar. Ignorantes sobre o funcionamento das leis da natureza, estavam incapacitados de perceber a grandiosidade da vida em sua dinâmica harmônica, confirmando com isso o pensamento do físico Isaac Newton – "O que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um oceano".
 
Para validar a sua teoria, Darwin pesquisou a fundo o comportamento dos animais, observando que estes sempre seguem o líder, impulsionados pelo instinto. No entanto, com os seres humanos essa dinâmica é diferente, uma vez que são dotados de inteligência e utilizam os ditames da mente para exercer influência sobre os demais. Hoje podemos perceber com maior clareza como os humanos se aproveitam dos mecanismos do cérebro para iludir as massas que, acomodadas e indolentes, se deixam arrastar por caminhos destrutivos para atender, muitas vezes, aos propósitos de líderes mal intencionados. Em consequência, prosseguimos em marcha lenta para a evolução e aperfeiçoamento.
 
É evidente que precisamos aprender a controlar e dominar a máquina de pensar para não sermos subjugados por ela. Quando permitimos que nosso cérebro focalize um pensamento triste, sem barrar o seu avanço, ficamos sujeitos a vivenciar todas as emoções e sofrimentos que esse pensamento evocar. A tristeza interfere na respiração tornando-a lenta. Darwin havia percebido que a tristeza e a não aceitação, interferem nos músculos respiratórios dando a impressão que alguma coisa quer subir pela garganta. A tristeza e o sofrimento, literalmente, sufocam os indivíduos.
 
Agora estamos enfrentando a era das dificuldades. A falsa compreensão sobre a vida e sobre a origem do homem arrastaram a humanidade a um ponto crítico. Continuamos a extrair recursos acima da capacidade de reposição da natureza. Então veio a crise que, como uma brecada repentina, reduziu a velocidade do crescimento como uma tentativa de estabelecer um nível que o Planeta possa suportar, sem entrar em pane.
 
Mas para preservamos de fato o planeta se faz necessária uma nova educação, fundada na realidade natural, sem as sofisticadas teorias engendradas pelos seres humanos, que são difíceis de serem assimiladas, assim como inúteis para o estabelecimento de um modo de vida construtivo e benéfico.
 
De fato a evolução dos seres vivos seguiu mecanismos estritamente naturais e coerentes, necessitando para isso um longo período de amadurecimento até que surgisse o corpo mais evoluído que daria lugar ao ser humano.  Porém os cientistas radicais não querem admitir a atuação de leis invisíveis que promovem a evolução, pois examinam a realidade apenas com o cérebro. O ser humano surgiu num corpo de origem animal ao qual deveria enobrecer prosseguindo a marcha evolutiva, tanto na aparência bonita e saudável, como no seu comportamento como espécie pensante destinada a produzir na Terra uma vida de elevada qualidade.
 
A questão é que não se pode apenas instruir o ser humano como se adestra um animal. O homem tem naturalmente o anseio de conhecer o significado da vida e a educação é essencial nesse processo. Darwin estudou uma pequena parte e esperava que seu trabalho tivesse seguidores que ampliassem a visão da realidade da vida, sem ficarem restritos apenas aos aspectos da mutação e adaptabilidade dos seres vivos, encontrando as conexões e os propósitos que levaram ao surgimento da espécie humana entre as criaturas habitantes do planeta Terra. Agora, cabe a cada um de nós dar continuidade à procura desse conhecimento.



Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini e é associado ao Rotary Club de São Paulo. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012...e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens” ,“A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin - Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7
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