Paulo Skaf iniciou sua fala dizendo ser um grande prazer participar de uma reunião do Rotary, instituição à qual nutria grande respeito, por ter o Rotary como uma entidade do bem, que faz bem e se preocupa com pessoas e que também estava muito feliz por participar de um encontro com tantas lideranças. Se comprometeu a falar de forma objetiva, sobre o que o estimulou a ingressar e estar na política como candidato ao governo do Estado de São Paulo, o que poderia se traduzir exatamente no espírito rotário, a visão dos rotarianos de quererem fazer o bem ao seu próximo, às pessoas.
Nos últimos dez anos, como presidente da FIESP, do SIESP, do SESI, do SENAI, do Instituto Roberto Simonsen, cheguei à conclusão que eu gosto mesmo é de fazer essas coisas. Tive a oportunidade de promover uma grande revolução na educação do SESI/SENAI São Paulo. Quando eu entrei no SESI nós tínhamos apenas uns oito anos do ensino fundamental, em meio período, e eu sonhei em dar a mesma oportunidade que eu e meus cinco filhos tivemos às crianças. Assim como meus filhos, estudei no colégio Santo Américo em período integral, chegávamos cedo ficava o dia inteiro na escola, aprendíamos em salas de aulas, laboratórios, mas também no esporte, lazer, na cultura, enfim, eu queria dar essa mesma oportunidade aos alunos do SESI; nossa meta é implantar o ensino no tempo integral. Até um tempo atrás o SESI também não tinha ensino médio, você caprichava no ensino fundamental e então os alunos iam para a escola pública do estado para cursar o médio, e todo o esforço acabava se perdendo; a qualidade em escola pública ensino médio é responsabilidade do Estado.
Para resolver o problema implantamos também o ensino médio e fundamental em tempo integral. Nessa época tínhamos 175 escolas, das quais 127 não comportavam o período integral, pois essas 127 escolas eram pequenas e em prédios das prefeituras mantidas através de convênios; a manutenção era de responsabilidade das prefeituras e o estado delas não era adequado. Tomei a decisão de substituir essas 127 escolas e implantar o ensino em tempo integral e eu queria também estimular o esporte, o esporte de rendimento que ainda não tínhamos; a meta era chegar a 20 equipes de esportes de rendimento e a 16 modalidades: vôlei, natação, judô entre outras, investir também na cultura, temos conosco hoje “João Carlos Martins”, a nossa “bachiana” do SESI São Paulo e a essa altura as pessoas começaram a achar que eu era meio maluco, quer izer, como será possível substituir 60% das escolas e implantar o ensino médio em tempo integral, como articular o ensino médio com o curso técnico do SENAI, investir na cultura, no esporte, enfim, fomos à luta e atingimos um milhão e meio de matrículas no SESI/ SENAI de São Paulo e fizemos tudo isso no prazo proposto de dez anos que termina no final do próximo ano (2015). Hoje ao olhar para trás, estou licenciado da presidência das entidades, mas vejo que implantamos um ensino integral do SESI e até o final de 2015 todos os alunos do SESI do ensino fundamental estarão matriculados em tempo integral.
estarão matriculados em tempo integral. O ensino médio foi implantado no SESI, substituímos as 127 escolas, construímos e algumas já estão prontas e outras sendo terminadas e faltam talvez uma dúzia de escolas; dessas 127 inaugurei dezenas delas em vários cantos do Estado de São Paulo; escolas de primeiríssimo mundo, todas com laboratórios, as últimas com ar condicionado em todas as salas, grande parque esportivo, 104 quadras cobertas, aquecemos 50 piscinas, construímos 42 campos de futebol de grama sintética e investimos em esporte de rendimento, temos 20 equipes de esporte de rendimento e nossas equipes são campeões brasileiros mundiais.
Através da FIESP em 2007, lideramos uma campanha Nacional contra a recriação do imposto cheque, a CPMF e tivemos êxito. Em 2013 fizemos outra campanha, essa contra a prorrogação dos contratos de energia, em favor da baixa dos preços praticados e novamente conseguimos realmente fazer com que os brasileiros tivessem desconto na conta de luz de 20%, conseguimos retirar os impostos federais dos produtos da cesta básica, conseguimos recentemente, no final do ano passado, segurar o aumento do IPTU em São Paulo.
Estou detalhando tudo isso, para que todos comprovem que os desafios podem ser vencidos e, ainda, preservando a saúde financeira das empresas, como fizemos nas entidades nas quais estivemos à frente. Agora como candidato ao Governo de São Paulo, eu tenho sonhos e o meu sonho é dar a mesma oportunidade que os alunos do SESI têm a todos os jovens do Estado, que é uma educação de qualidade. É lógico que São Paulo tem muitos problemas, mobilidade urbana, segurança, saúde, infraestrutura, obras que não terminam nunca, enfim, vamos cuidar de tudo, mas a questão da educação para mim, posso dizer que é a principal. Me lembro quando recebi na FIESP há dois anos o Rei da Suécia, e ele me dizia que tinha cinco prédios de penitenciarias que eles estavam procurando o que fazer com elas, um país que investe em educação, fecha penitenciarias. Agora o meu sonho é daqui a dez anos nós estarmos fechando penitenciária em São Paulo, por que nós vamos começar uma nova historia na educação de São Paulo, a partir do ano de 2016, acabando com a progressão continuada e implantando o ensino em tempo integral. Essa infraestrutura custará em dez anos em torno de 16 bilhões de reais, é muito dinheiro.
16 bilhões de reais, é muito dinheiro. O orçamento do Estado é para investir na educação, na saúde, na segurança e não é para fazer estradas e metrô. Metrô se faz com PPP’s (parcerias público privadas), com recursos da iniciativa privada. Estradas se constroem através de concessões.
Quanto à segurança pública que se encontra numa situação gravíssima, onde os índices de toda a sorte de crimes alarmantes, os homicídios, estupros, assaltos, roubos, furtos, roubos de automóvel, roubo de carga, tudo subiu. Quem fala diferente, mente e isso tudo é absurdo; é necessário uma mudança firme, a começar da postura do governador que precisa exercer essa posição. O governador é o comandante chefe das polícias e essa incumbência não vou delegar; ser invisível. Não colocaremos secretários, delegados, nem coronéis à frente de uma responsabilidade que é do Estado. Uma senhora há uns dias me parou e perguntou: “Skaf, afinal, a Segurança Pública é de responsabilidade da Polícia Civil ou da Polícia Militar? Respondi: - minha senhora, a responsabilidade da Segurança Pública é do governador do Militar, metade do contingente dos nossos PM’s, ficam na burocracia e essa prática ocupa metade da nossa tropa que deveria estar na rua defendendo a sociedade, as pessoas, protegendo-as. Qual a solução para isso? Você moderniza, equipa as viaturas e controla o trabalho da polícia, que deve estar melhor equipada do que os bandidos; os mocinhos é quem têm que ganhar a guerra. O crack que se espalha feito uma praga por todo Estado é produzido em São Paulo, não vem do exterior; é produzido em laboratórios clandestinos, a matéria prima é o subproduto da cocaína e é fabricado em São Paulo; precisamos acabar, combater isso. Temos que controlar nossas divisas com tecnologia; os bloqueadores nos presídios precisam se tornar realidade, impedir que os presos controlem e façam crescer o tráfico de dentro das prisões. Tem que haver um enfrentamento e a figura do governador é insubstituível.
A saúde é de má qualidade; são hospitais sem equipamentos, equipamentos parados, outros sem dinheiro, remédios e sem médicos. Implantaremos o prontuário eletrônico e um cadastro único em todo o Estado; atualmente a cada atendimento começa-se várias do zero; faltam pelo menos três mil e duzentos leitos. Por aqui, na região de Guarulhos, Campinas, Baixada Santista, Vale do Paraíba, faltam hospitais, faltam AME’s; Ambulatório de Especialidades, um projeto muito bom, mas que pode ser melhorado. Enfim, segurança, saúde, educação, transporte, nada funciona. Não estou aqui fazendo críticas a ninguém, só estou mostrando fatos verdadeiros, que mostram que São Paulo perdeu muito ao longo dos anos e hoje tem sérios problemas em todas as áreas, com projetos e obras que fazem aniversários há décadas sem serem finalizados.
Sabemos que o povo de São Paulo quer mudança, que está cansado e isso mostra que as pessoas já entenderam que 20 anos com as últimas administrações já é tempo suficiente para inovar e buscar novas soluções. Precisamos do apoio do Rotary, de parcerias com instituições sérias, que possam surtir resultados, como no caso do problema de crack e das drogas. Parcerias com entidades religiosas, no sentido do tratamento de jovens, para o cuidado das pessoas da terceira idade, na área da educação. Para o sucesso da sociedade é que o governo precisa dos rotarianos para ajudá-lo a governar o grande Estado de São Paulo, com a experiência que tem.
Fonte: Rotary Club (pdf)
Áudio completo da palestra pode ser conferido no podcast do RCSP.