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DOMINADORES E DOMINADOS

Benedicto Ismael C. Dutra
11/09/2014



Por que teria sido necessária a formação de um planeta com condições de habitabilidade e vida através de um longo processo de evolução para enfim surgir o ser humano? Se aqui nascemos é porque havia nisso uma forte razão e necessidade, por isso deveríamos aplicar toda a nossa inteligência para entender o porquê.

O inconsciente germe espiritual tinha de ser afastado, “ser expulso” de sua origem chamada de paraíso. Tinha de se afastar, segundo o escritor alemão Abdruschin (1875/1941), para se fortalecer e adquirir autoconsciência, para poder “retornar à casa”, com personalidade autônoma, apta e desejosa de prosseguir a jornada da eterna evolução, construindo e beneficiando sempre.

No entanto, o espírito humano se acomodou, apagando a lembrança de sua origem, acorrentando-se à matéria perecível onde se atou com milhares de fios, não mais conseguindo se desvencilhar. O caos foi se espalhando pelo planeta. População acima de sete bilhões de almas. Educação e saúde deficientes. Muita miséria ao lado da acomodação na forte ânsia consumista. Esperança num melhor futuro em declínio. Ausência de alvos nobres e elevados.

Então, um reforço da Luz vem se aproximando como auxílio, mas ao mesmo tempo impulsionando tudo para as últimas consequências. Um vento poderoso de renovação em forte turbilhão, arrancando todo o errado que ficou aderido no adormecido espírito humano, que deixou de desenvolver e fortalecer os seus talentos colocando-os a serviço do bem geral, agora correndo o risco de ser extirpado, perdendo assim a individualidade e a consciência pessoal.

Alguns aspectos da atualidade têm sido fartamente analisados pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman em seus livros. A globalização financeira, a fragilização do Estado e o esforço de seu confinamento fora da política econômica, enfim o domínio e poder que a acumulação financeira outorga aos seus detentores. Monarcas e imperadores se tornaram déspotas. Governantes eleitos não cumpriram o seu dever, exorbitando na busca de vantagens pessoais. Ditadores usurparam a liberdade. Enquanto isso, o poder financeiro foi se consolidando e ampliando seu domínio silencioso. Bauman narra esse processo com realismo: “Deixar a máxima liberdade de manobra ao dominante e impor ao mesmo tempo restrições mais estreitas possíveis à liberdade de decisão do dominado”.

Ultrapassada a fase da guerra fria com o antagonismo entre capitalismo e comunismo, adentramos na fase de predominância do capital financeiro. Sempre presente nesse meio a antiga tendência luciferiana para exercer o domínio, sedimentada pelo historiador italiano Nicolau Maquiavel (1469/1527), considerado o fundador da ciência política moderna. Há uma luta, um confronto para aumento de poder, sem que haja uma real preocupação com a evolução humana. Após a expansão econômica e financeira da Ásia, novos confrontos vão surgindo no cenário. Vem despontado o regime de Estado forte, capitalista e autoritário. E de outro lado, o liberalismo da economia de mercado, com o mínimo de Estado. Duas formas de organizar o mundo, ambas sem grandes preocupações com o aprimoramento humano. Trazem no seu arsenal a imposição, a corrupção ou a truculência e tortura para alcançar seus fins, mas o pior é quando a liberdade acaba, impedindo as pessoas de tomar suas livres decisões, de se movimentarem, sufocando o espiritual.

Agora, com sete bilhões de almas vivendo no planeta, surge uma visão desoladora com a limitação de recursos naturais, alterações do clima, crise econômico-financeira. O homem sempre fugindo de sua responsabilidade de ser um beneficiador, impondo sua vontade, sem refletir que a vida é uma passagem rápida. E como ficaremos? O resultado é o caos, a vida dura, a baixa qualidade de vida. Da guerra econômica e psicológica poderemos passar para a guerra real? Não precisa ser monge para perceber isso, basta refletir sinceramente como ser humano. Quem põe ordem nisso tudo? O Juízo Final da humanidade?

De nada terá valido toda a astúcia e despotismo para acumular status e poder; tudo poderá se desfazer no turbilhão dos acontecimentos. Despojado de sua astúcia, o ser humano terá de arcar com as consequências de suas decisões. Reconhecerá que a Terra é apenas um ponto de transição e aprendizado, e não algo que lhe pertence, pois a vida real se processa no espiritual.




Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini e é associado ao Rotary Club de São Paulo. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012...e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens” ,“A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin - Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7
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