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Restos da guerra fria

Benedicto Ismael C. Dutra
20/04/2016



 Em sua recente visita a Cuba, o presidente norte-americano Barak Obama disse, sob aplausos: "Vim para enterrar os restos da Guerra Fria nas Américas. Vim para estender a mão da amizade ao povo cubano". Boa fala sem dúvida, todos nós precisamos dessa amizade recíproca. A guerra fria quase fez o mundo explodir na luta pelo poder, porém as pequenas guerras nunca foram totalmente erradicadas. Para favorecer a paz duradoura é imprescindível que a educação promova a busca pelo aprimoramento pessoal e espiritual continuadamente para que os estudantes se tornem seres humanos de qualidade, e que tenham consideração sincera pelo próximo, buscando a melhora nas condições gerais de vida. Urge dar preparo para a vida e visão de melhor futuro para a população, sem o que não haverá progresso real.
 
Cuba e Brasil tomaram caminhos diferentes. O que os jovens cubanos pensam da vida? Em mais de cinquenta anos de isolamento, qual é o atual nível da educação em Cuba? Os jovens aprendem o que é importante? Têm clareza mental e discernimento? Como vai ficar com a abertura? Irão se acomodar? No Brasil temos a falta de preparo, além das deficiências na leitura e na escrita, mas o mercado de drogas se expande. 
 
Nossa trajetória econômica tem sido lamentável. O imperador D. Pedro II tinha um plano sério de governo. No final do século 19, o Brasil despontava como país de futuro promissor. No entanto a república ficou na mão de uns fanfarrões, que não se importavam com o país; queriam poder e explorar a terra para desfrutar a vida na Europa; não planejaram a inserção dos negros no mercado de trabalho após o fim da escravidão, não deram escola para as crianças, não organizaram a economia com autonomia, ficando sempre de pires na mão diante dos banqueiros internacionais. Pesada dívida externa provocou grande atraso. Câmbio instável e manipulado. Economia pouco diversificada. Peso das commodities. Privatização pouco transparente. Conchavos corruptos. Estrutura tributária perniciosa. 
 
Falta uma equipe de governo séria, voltada para o interesse do país e da população em primeira linha. Quem tem controlado o Brasil em todos esses anos de declínio? A sociedade tem permanecido sempre paupérrima, descuidada, pivô para inchar o Estado na economia. A esperança de melhora com seriedade, com estadistas que se dediquem ao país, sem se julgarem proprietários; educação que prepare para a vida e o trabalho, sem atulhar a mente dos jovens com ideologias e inutilidades. Com tanto descuido, criou-se um ambiente favorável para estadistas de fachada. E agora qual é o nosso futuro? 
 
Precisamos de mais do que enterrar os restos da guerra fria que tanto atraso e fragmentação trouxeram para a América descontente com a forma como seus recursos eram explorados pelo mundo desenvolvido. Falta uma linha de seriedade sem o que será difícil a superação. É indispensável que ocorra uma virada para evitar a queda no abismo. O Brasil tem se mostrado forte, mas não há economia que aguente tanto desatino e tanta má fé na condução das finanças públicas e descaso no estabelecimento das metas prioritárias ao país. Com taxa de juros Selic a 14,35% não há investimentos e geração de empregos. Falta uma consciência geral de que a superação é possível, com seriedade e sinceridade. 
 
Diante de tantas coisas desiguais, como custo da mão de obra e encargos, estrutura tributária, instabilidade cambial, preservação ambiental, como deixar as portas abertas, indiscriminadamente, para o comércio e finanças externos? A globalização precisa ser organizada com seriedade para que não cause mais danos do que benefícios aos povos. Para alcançar a paz mundial temos de criar um ambiente de liberdade e oportunidades, e formar seres humanos de qualidade, autônomos, atentos, com raciocínio lúcido e clareza no pensar para aprender com os exemplos e inovar, vendo fazer e fazendo, tendo a visão da vida ampliada através de reflexões intuitivas, para que se libertem de tudo que é falso, e tenham uma vida construtiva e beneficiadora. 



Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini e é associado ao Rotary Club de São Paulo. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012...e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens” ,“A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin - Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7
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