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DESPERTAR DE KEYNES

Benedicto Ismael C. Dutra
01/12/2009



As teorias do economista britânico John Maynard Keynes (1883-1946) continham um princípio de disciplinamento das atividades econômicas, o que de certa forma dificultava a liberdade de ação para que se obtivessem ganhos polpudos através da mobilidade dos capitais. Com o propósito de obter maiores lucros, o objetivo de fortalecer a dignidade da própria espécie foi sendo posto de lado, utilizando-se as teorias mais adequadas para dissimular os reais propósitos. O mercado foi apresentado como o grande escudo protetor que acobertava as escusas manobras engendradas para satisfazer interesses menores, mas as inevitáveis consequências teriam um dia que se tornar visíveis.
 
Agora que se delineou um grande estrago na economia real e nas finanças, muitos teóricos estão tratando de resgatar Keynes como o grande salvador, justificando a necessidade de que o Estado intervenha para ajeitar a desordem e, principalmente, para amenizar as perdas através do aumento dos gastos públicos, trazendo incentivos para a combalida atividade econômica.

Desemprego, paridade das moedas e desequilíbrio das contas públicas eram as grandes preocupações de Keynes, para quem o Estado deveria empenhar-se para assegurar a boa qualidade de vida da população através de um eficiente controle das contas, tanto internas como externas, evitando os danosos efeitos das recessões, buscando sempre o equilíbrio do comércio externo entre as nações. Sem o adequado equilíbrio no comércio exterior e nas contas externas, as nações deficitárias tendem a se enfraquecer, deixando de prover a população dos serviços essenciais de competência do Estado. Em decorrência disso, a população deixa de receber o forte amparo indispensável à sua evolução qualitativa e espiritual, o que acaba se refletindo no descontrolado aumento da população.
 
Assim, a proposta de Keynes mostrava a necessidade de uma moeda única, o chamado bancor, para a constituição da reserva global, mas ela foi rejeitada e substituída na conferência de Bretton Woods, em 1944, por outra que privilegiava o dólar, dando mais tarde, na ausência de parâmetros para o ajustamento das variações cambiais, ensejo a manobras geradoras de crises e bolhas especulativas, que trazem consigo desalento e miséria para o mundo. Estamos enfrentando o desarranjo do sistema monetário com a desvalorização do dólar seguido de perto pela moeda chinesa, o que provoca distorção no comercio entre os países.
 
Keynes condenava severamente a economia de cassino. O dinheiro deve ser investido de forma a propiciar o bem estar da população, e não para alimentar jogos do poder. As Bolsas também passaram a dar o seu espetáculo, com irracionais valorizações para depois cair vertiginosamente. O dinheiro volátil movimenta montantes enormes ao dia em operações de câmbio de especulação ou jogo cambial, como na situação atual, na qual os asiáticos tentam conter a desvalorização do dólar, prejudicial à sua economia voltada para a exportação e que também causa apreensão para a produção de manufaturados no Brasil. Enfim, o dinheiro ainda precisa alcançar um estagio avançado, livre da selvageria financeira.



Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini e é associado ao Rotary Club de São Paulo. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012...e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens” ,“A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin - Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7
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