O futuro é feito no presente. O que a população acredita é fundamental para o tipo de futuro que se constrói. No Brasil o futuro nem sempre foi considerado com a seriedade requerida. Assim acabamos virando motivo de chacotas.
"Todos conhecem a anedota de que o Brasil é o país do futuro e sempre o será. Ainda não vemos no Brasil o tipo de crescimento que vemos na Ásia. Eu acho que isto continua a ser uma esperança e não uma perspectiva certa", disse perante uma platéia de empresários na capital argentina, Buenos Aires, o prêmio Nobel da Economia de 2008, Paul Krugman. Ele não precisava exagerar tanto, taxando uma legítima esperança como sendo uma anedota. Independentemente disso, devemos ser sábios e prestar mais atenção naqueles que nos criticam do que naqueles que nos lisonjeiam, pois os que nos criticam muito poderão ajudar, fazendo-nos ver a situação de forma real.
Para Krugman, a China e a Índia despontam como economias em avanço, mas o Brasil nem tanto. De fato, a China em sua cultura milenar dispõe de fatores especiais como o bom preparo da mão de obra e a habilidade de seus dirigentes em não se deixarem envolver em teorias econômicas que não trazem benefícios para eles. Além disso, há a liderança autocrática que não permite contestações e a precariedade de sua população, que necessita enfrentar uma forte competição na luta pela sobrevivência num país superpopuloso e com limitação nos recursos naturais. No entanto, deve ser ressaltada a disciplina do povo chinês.
Os chineses têm usado de muito bom senso, não permitindo a valorização de sua moeda, o que lhes tem dado esmagadora vantagem cambial no comércio internacional. O grande volume de superávit na balança comercial tem sido investido em propriedades pelo mundo, além do elevado montante aplicado em títulos do tesouro americano. Assim, a China consegue criar e manter muitos empregos, porque os Estados Unidos e os demais países acharam bom consumir produtos baratos produzidos no exterior. Mas agora se percebe que os americanos foram habituados a consumir mais do que ganham, aumentando suas dívidas, e que a manutenção da valorização do dólar foi o principal fator que possibilitou a grande farra do consumismo das décadas passadas. Em meio à crise, os americanos estão sem empregos suficientes, com salários menores e com muitas prestações vencidas e a vencer. A grande máquina de consumo está danificada. Mesmo assim, os produtos da China continuam com preços atrativos.
Se quisermos seriedade, temos que preparar e fortalecer uma geração de valor que se conscientize de nosso potencial para que realizemos um futuro com dignidade humana.