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A quarta revolução industrial e a humanidade

Benedicto Ismael C. Dutra
09/12/2016



 A cultura do século 21 criada pelo raciocínio, com primazia nas finanças, ficou associada ao consumismo e à busca do prazer imediato, mas está faltando uma visão transcendentalista do futuro da humanidade. Com o passar do tempo, essa cultura vai acarretando saturação mental e emocional, pois o ser humano anseia naturalmente por algo mais que o mundo material pode oferecer. É a falta da espiritualidade, pressentida de forma consciente ou não, que gera a sensação de que algo está faltando na vida vazia de sentido elevado.
 
No mundo cada vez mais acelerado, uma porção de coisas feias geram formas que desarmonizam o ambiente provocando desgaste emocional nas pessoas mais sensíveis. De qualquer forma, o ambiente contaminado não beneficia ninguém. Habituadas com a rotina paralisante, as pessoas não visualizam a possibilidade de mudar para melhor.
 
É preciso equilibrar o trabalho com a vida pessoal nela incluindo a espiritualidade inerente ao ser humano. O trabalho exerce pressão sobre as pessoas provocando cansaço, reduzindo a disposição para manter atitudes proativas, com atenção e foco permanente nos problemas e soluções, mesmo porque há desânimo com o ganho e falta de motivação, o que também se repete na vida familiar fazendo do modo de viver uma rotina enfadonha, pois não há o forte querer voltado para alvos elevados.
 
Inquietos, os seres humanos deixam crescer o descontentamento que através dos pensamentos adquire formas desarmonizadoras, que são atraídas e fortalecidas pela igual espécie, influenciando o ambiente negativamente. Ao contrário, se em vez disso, fortalecessem os sentimentos de gratidão e alegria com a vida e a oportunidade que ela oferece para o desenvolvimento espiritual, então estariam transmitindo algo benéfico com naturalidade e a alegria estaria no ar para o mútuo benefício para o bem geral, para a paz e a alegria. 
 
Nesta época de desencontros e falta de saber, muitas pessoas não sabem o que fazer com a própria vida. É necessário incentivar a busca do sentido da vida e o aprimoramento pessoal pelos bons resultados que isso promove. Havia a sensação de que a humanidade ia mudar para melhor. Mas com o passar do tempo, as maldades e misérias só fizeram aumentar. Todo o potencial humano e tecnológico deveriam ter inspirado a busca do aprimoramento dos indivíduos para alcançar o beneficiamento de si mesmo, do seu trabalho e do planeta, mas os seres humanos deram mais atenção aos desejos de dominar e aos apelos medíocres para vícios e paixões baixas fartamente divulgados.
 
As novas tecnologias estão integrando os mundos físico, digital e biológico num único cenário avassalador sobre as mentes gerando esperanças e apreensões. Até agora pouco se refletiu sobre o modo como as pessoas enriquecem e os países se desenvolvem, e pouco se examinou sobre o significado da vida e a tarefa do ser humano na Criação. É de responsabilidade dos indivíduos e da humanidade a busca por um futuro melhor em que a inovação e a tecnologia sirvam ao aprimoramento da nossa espécie, elevando o nível da autoconsciência e da ética da humanidade.
 
Esse tema foi discutido na edição do Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, em janeiro de 2016, focalizando “quarta revolução industrial”. Segundo Klaus Schwab,  fundador e CEO do Fórum, que lançou livro de sua autoria sobre esse assunto, “a nova tecnologia poderá dar início a um novo renascimento cultural que irá permitir que nos sintamos como parte de algo maior do que nós mesmos. A quarta revolução industrial poderá robotizar a humanidade e comprometer as nossas fontes de significado. Ou então, poderemos usar a quarta revolução industrial para elevar a humanidade a uma nova consciência coletiva e moral. Cabe a todos nós garantir a ocorrência desse cenário". 
 
De fato, observamos que nas revoluções industriais anteriores, o avanço da tecnologia se deu sem o correspondente avanço da espécie humana. Para que a nova tecnologia não resulte na autodestruição, uma nova humanidade precisa surgir com avanços na ética, moralidade e espiritualidade, contribuindo para o beneficiamento e embelezamento da vida e do planeta, gerando paz e felicidade.



Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini e é associado ao Rotary Club de São Paulo. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012...e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens” ,“A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin - Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7
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