No nosso momento em que os distantes se tornam próximos e os próximos distantes não podemos negar essa mudança social. A ocidentalização do mundo e a sua influência em tornar todos semelhantes acaba por modificar bases que por milênios eram dogmas. A tradição perde espaço e, como resultado dessa mudança, temos uma geração cada vez mais distante de seus antepassados, ou até mesmo esquecida de suas origens e mais próxima de seu atual meio e modo de viver.
Até parece que a tecnologia assume ou ocupa lugares. Um exemplo claro é o chamado cyberespaço que há cem anos era inimaginável. O celular é outro ocupador de lugares, há uns oito anos eu nem imaginaria que ele iria adquirir tanto espaço, o que hoje é um fato. A substituição de espaços é claramente presente. Basta navegarmos via on-line para nos inserirmos em uma determinada cultura através de algum sistema de comunicação virtual. Como isso? Graças às inovações advindas do chamado mundo “pós-moderno”, tecnologias produzidas em larga escala e que cada dia nos surpreendem com novidades. E a lei é clara, para haver produção é exigido consumo e nós como grandes consumidores que somos, nos detemos a adquirir esses aparelhos de mil e uma utilidades que às vezes nem sabemos ao certo todos os seus recursos.
A cada breve espaço de tempo o longe ser torna cada vez mais perto por quê? Vejamos:
No início do século passado (Séc. XX) eram poucos os meios de comunicação podendo assim destacar como um dos meios mais eficazes a carta, quando essa não se extraviava. Após a Segunda Guerra Mundial houve uma explosão tecnológica que revolucionou ao que diz respeito à comunicação. Comparado em relação ao início do século em que os indivíduos só possuíam a carta, pode-se dizer que indivíduos que estavam distantes passaram a se aproximar mais graças a aparelhos como a Televisão, Rádio e seus descendentes. As informações tornaram-se mais próximas. De 1990 para cá, aí sim, que o salto passou a ser bastante significativo, principalmente em meados de 2000.
Temos, assim, a partir da década de 1990 o nascimento da Geração Z que vem inserida no mundo tecnológico, com um novo modo de vida e rodeada de uma carga imensa de possibilidades de consumo. A tecnologia acaba possibilitando que esses jovens se tornem multitarefeiros e a partir daí temos outro fato: o tempo do homem contemporâneo passa muito mais rápido se comparado ao cotidiano de um homem da Idade Média. Portanto, temos jovens plugados em fios, vazios tradicionalmente falando e uma incógnita quando o assunto diz respeito ao futuro. O que nos resta é esperarmos para sabermos quais serão a significativas mudanças que ocorrerão na sociedade em sentido global.
REFERÊNCIAS
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