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Livre mercado e capitalismo de estado

Benedicto Ismael C. Dutra
01/02/2017



 Há no mundo um ordenamento geral. São as leis naturais da Criação: gravidade, atração da igual espécie, reciprocidade, equilíbrio e movimento. Tudo funciona harmoniosamente. O ser humano dispõe de livre resolução, mas deveria reconhecer e se enquadrar para construir progresso e evolução, embora insista em agir puerilmente em oposição a elas, semeando desordens e destruição para onde quer que se olhe.
 
A humanidade se encontra diante de graves problemas que agravam as condições gerais de vida. As cinco maiores ameaças para o mundo em 2017, segundo o Fórum Econômico 2017 WEF, são: eventos climáticos extremos; imigração em larga escala; grandes desastres naturais; terrorismo e vigilância; fraudes eletrônicas e roubo de dados.
 
Mas a grande questão é a queda dos empregos, seguida pela destruição ambiental e pelas incertezas sobre o futuro da humanidade. Com a redução de empregos e queda nos salários, o consumo vai caindo. No livre mercado há a pressão para o ganho privado e a especulação desenfreada. No capitalismo de Estado há o aumento do poder da elite governante. 
 
Globalização, livre mercado e capitalismo de Estado enfrentam uma complicada convivência. Falta equilíbrio. De que vale ter produtos importados com preços menores se os empregos foram exportados? Na periferia de São Paulo acabaram as fábricas. A rua da Consolação deixou de ser um polo de venda da indústria de luminárias. E nada foi introduzido em substituição, exceto o aumento da exportação de produtos primários. 
 
No século 21 se evidenciaram as dificuldades para o livre mercado competir com o capitalismo de Estado voltado para o mercado externo, com suas armas competitivas nos salários, controle ambiental, câmbio, que no conjunto levaram à transferência de fábricas, engolindo empregos que também se ressentem com o aumento da robotização. A situação mundial mudou muito. As novas gerações estão sem esperança, sem disciplina, com pouco preparo, reagindo de forma imprevista sempre que se sentem incomodadas. Os poderosos olham para a China e para a Rússia, percebendo que com a falta de liberdade todos obedecem. Assim vai se gerando no Ocidente uma cópia com implantação da força e controle, reduzindo a liberdade, com o risco de destruição das individualidades e consequente declínio ainda maior e mais acelerado. 
 
Donald Trump surgiu agora com suas ideias protecionistas para fazer a América grande outra vez, mas os problemas são anteriores; talvez tenham sido mal percebidos ou camuflados pela falsa prosperidade. Agora é diferente, pois no dizer do cientista político Ian Bremmer o capitalismo de Estado adota o capitalismo para os seus próprios fins, fazendo frente ao livre mercado, gerando uma nova conjuntura que vai além do déficit comercial, abrangendo competitividade na produção, exportações e aumento de potencial financeiro. Fica no ar a pergunta: estará sendo gerada uma nova ordem mundial? Como as grandes corporações vão agir? Necessitamos de uma nova globalização fundamentada no equilíbrio.
 
A decadência econômica também tem uma relação direta com a falta de estadistas sérios e competentes e com a ganância e a especulação desenfreada. A permissividade especulativa, especialmente com o câmbio há que ser coibida. Assim como os governantes não devem gastar internamente mais do que arrecadam, as contas externas também deveriam apresentar equilíbrio. Infelizmente tem prevalecido o ganho de uns com perdas para muitos e atraso geral. O sonho da Alice moderna que queria ter uma conta bancária polpuda e perguntou para a Rainha mágica como poderia alcançar isso. Resposta da Rainha: “vá ao País das Maravilhas, venda dólares na alta, compre ações na baixa e venda na alta, então recompre os dólares na baixa, e seja feliz”.
 
O sistema poderia ter sido desenvolvido com simplicidade tendo como objetivo produzir para melhora geral das condições de vida, agora há uma enorme complexidade, mas com o agravamento geral alguma solução precisa ser encontrada. A humanidade tem de reconhecer as leis da Criação e segui-las para alcançar o progresso real. Todos os povos têm o direito ao trabalho e a uma vida digna. O livre mercado e o capitalismo precisam estabelecer o equilíbrio para que a globalização traga bons resultados para toda a população do planeta.



Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini e é associado ao Rotary Club de São Paulo. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012...e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens” ,“A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin - Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7
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