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Banco Mundial adverte sobre a crise da aprendizagem


08/01/2018



Embora as aptidões de jovens brasileiros de 15 anos tenham melhorado, se eles continuarem a progredir ao ritmo atual levarão 75 anos para atingir a pontuação média dos países ricos. No campo da leitura levarão 263 anos.

WASHINGTON, D.C., 26 de setembro de 2017 – Milhões de jovens estudantes de países de renda baixa e média enfrentam a perspectiva de oportunidade perdida e salários mais baixos mais tarde na vida porque suas escolas de ensino fundamental e médio não os estão educando para serem bem-sucedidos na vida. Ao alertar para uma “crise de aprendizagem” na educação global, um novo relatório do Banco Mundial afirma que a escolarização sem aprendizagem não foi apenas uma oportunidade de desenvolvimento perdida, mas também uma grande injustiça para as crianças e jovens do mundo inteiro.

O Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial 2018: Aprendizagem para Realizar a Promessa da Educaçã
o argumenta que sem a aprendizagem a educação não cumprirá sua promessa de eliminar a pobreza extrema e criar oportunidade e prosperidade compartilhadas para todos. Mesmo após vários anos de escolarização, milhões de crianças não sabem ler, escrever ou aritmética básica. Essa crise de aprendizagem está ampliando as lacunas sociais em vez de estreitá-las. Jovens estudantes – já em posição de desvantagem devido à pobreza, conflito, gênero ou deficiência – chegam à idade adulta sem as aptidões mais básicas para a vida.

“Esta crise de aprendizagem é uma crise moral e econômica,” afirmou Jim Yong Kim, Presidente do Grupo Banco Mundial. “Quando bem ministrada a educação promete aos jovens emprego, melhores rendas, boa saúde e vida sem pobreza. Para as comunidades a educação promove a inovação, fortalece as instituições e incentiva a coesão social. Mas esses benefícios dependem da aprendizagem e a escolarização sem aprendizagem é uma oportunidade perdida. Mais do que isso, é uma grande injustiça: as crianças a quem a sociedade não atende são as que mais necessitam de uma boa educação para serem bem-sucedidas na vida.”

O relatório recomenda medidas de políticas concretas para ajudar os países em desenvolvimento a solucionarem essa crise calamitosa de aprendizagem nas áreas de avaliações mais sólidas da aprendizagem, utilizando evidência do que funciona e não funciona na orientação da tomada de decisões em matéria de educação; e mobilização de um forte movimento social para impulsionar mudanças na educação cujo lema seja “aprender para todos”.

Segundo o relatório, no Quênia, Tanzânia e Uganda, quando se pediu aos alunos da terceira série do ensino fundamental que lessem em inglês ou kiswahili uma frase simples como “o nome do cão é Filhote”, 75% deles não compreenderam seu significado. Na zona rural da Índia cerca de 75% dos alunos da terceira série não foram capazes de fazer uma subtração de dois dígitos, como por exemplo, 46 – 17 – e na quinta série a metade ainda não conseguia fazer essa operação. Embora as aptidões de jovens brasileiros de 15 anos tenham melhorado, se eles continuarem a progredir ao ritmo atual levarão 75 anos para atingir a pontuação média dos países ricos. No campo da leitura levarão 263 anos.

Estas estatísticas não levam em conta 260 milhões de crianças que, por motivo de conflito, discriminação, deficiência e outros obstáculos não estão matriculadas no ensino fundamental ou médio.

Embora nem todos os países em desenvolvimento sofram de tais lacunas extremas na aprendizagem, muitos estão muito aquém dos níveis a que aspiram. As principais avaliações de alfabetização e aritmética mostram que nos países pobres o estudante médio tem um desempenho abaixo de 95% dos estudantes nos países de alta renda – significando que nesses países tal estudante seria alvo de atenção corretiva em sala de aula. Muitos estudantes de alto desempenho nos países de renda média –  jovens, tanto homens como mulheres que se enquadram no quartil superior de seus grupos – se classificariam no quartil inferior em um país mais rico.

O relatório, preparado por uma equipe dirigida por Deon Filmer e Halsey Rogers, economistas principais do Banco Mundial, identifica o que provoca essas deficiências na aprendizagem – não somente as formas como o ensino e a aprendizagem se dividem em um número demasiadamente elevado de escolas, mas também as forças políticas profundas que causam a persistência desses problemas.

Um progresso significativo é possível

O relatório assinala que, quando os países e seus líderes fazem da “aprendizagem para todos” uma prioridade nacional, os padrões da educação podem melhorar drasticamente. Por exemplo, de um país assolado pela guerra com taxas de alfabetização muito baixas na década de 1950, a Coreia do Sul conseguiu matrícula universal em 1995 em educação de alta qualidade no ensino médio – seus jovens demonstraram um desempenho nos mais altos níveis em avaliações internacionais da aprendizagem. Os resultados do Vietnã em um teste da OCDE para estudantes do ensino médio em matemática, ciências e leitura chamado PISA, mostrou que seus jovens de 15 anos tinham desempenho em nível igual ao da Alemanha – embora o Vietnã seja um país muito mais pobre.

De 2009 a 2015 o Peru conseguiu um dos crescimentos mais rápidos nos resultados globais da aprendizagem – graças a uma ação coordenada de políticas. Em vários países (tais como a Libéria, Papua Nova Guiné e Tonga) a leitura dos alunos das primeiras séries melhorou substancialmente no curto prazo graças a esforços concentrados baseados em evidências.

“A única forma de progredir é ‘encontrar a verdade com base nos fatos.’ Se aceitarmos os fatos sobre a educação, eles revelarão uma verdade dolorosa.’ Para muitas crianças a escolarização não significa aprendizagem,” afirmou Paul Romer Economista-Chefe do Banco Mundial.

Baseando-se na evidência e assessoria obtida durante consultas extensas em 20 países a governos, organizações desenvolvimento e pesquisas, organizações da sociedade civil (OSCs) e setor privado, o relatório oferece três recomendações de políticas:

Primeiro, avaliar a aprendizagem para que se torne uma meta verificável
.

Somente metade dos países em desenvolvimento têm dispositivos para medir a aprendizagem no final do ensino fundamental e das primeiras séries do ensino médio. Avaliações bem estruturadas dos estudantes podem ajudar os professores a orientar os alunos, melhorar a gestão do sistema e focar a atenção da sociedade na aprendizagem. Essas medidas podem informar escolhas de políticas nacionais, acompanhar o progresso e enfocar crianças deixadas para trás.

Segundo, fazer as escolas trabalharem para todas as crianças.

Nivelar o campo de ação reduzindo a atrofia e promovendo o desenvolvimento cerebral por meio da nutrição antecipada e do estímulo de forma que as crianças comecem a escola prontas para aprender. Atrair ao magistério pessoas excelentes e mantê-las motivadas adaptando um treinamento de professores reforçado por mentores. Utilizar tecnologias que ajudem os professores a ensinar no nível do estudante e reforçar a direção a escola, incluindo os diretores.

Terceiro, mobilizar todas as pessoas interessadas na aprendizagem.

Aplicar a informação e medições para mobilizar cidadãos, aumentar a responsabilização e criar a vontade política de uma reforma da educação. Envolver pessoas interessadas, inclusive a comunidade empresarial, em todas as etapas da reforma da educação, do desenho à implementação.

“Os países em desenvolvimento estão longe de onde deveriam estar em matéria de aprendizagem. Muitos não investem recursos financeiros suficientes e a maioria precisa investir de forma mais eficiente. No entanto, não se trata apenas de uma questão de dinheiro. Os países precisam também investir na capacidade das pessoas e das instituições encarregadas da educação de nossos filhos,” afirmou Jaime Saavedra, ex-Ministro da Educação do Peru e atualmente Diretor Sênior de Educação do Banco Mundial. “A reforma da educação é urgentemente necessária e requer persistência e o alinhamento político do governo, mídia, empresários, professores, pais e estudantes. Todos precisam valorizar e exigir melhor aprendizagem.” 
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COMUNICADO À IMPRENSA Nº 2018/020/DEC
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