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O que será 2019?

Benedicto Ismael C. Dutra
09/02/2018



 A desordem econômica é mundial. Bolsas valorizam, consumo cai. O Brasil exporta minério de ferro e importa aço. Como vão ficar os países que perderam o rumo no desenvolvimento pleno pela falta de estadistas sábios? A indústria no Brasil não logrou alcançar economia de escala essencial para o aumento da produtividade e redução de custo; afora isso, após os anos 1980 não resistiu à concorrência com os importados e já dá sinais de esgotamento.

Os responsáveis pela gestão econômica e monetária não quiseram aprender a lição sofrida da crise da dívida e continuaram gerindo o país como piratas. Com a entrada da oposição em 2002 no comando do governo, as engrenagens emperraram cada vez mais. Atualmente a dívida continua aumentando, a gasolina também e a nota do país foi rebaixada. O que será de 2019? 
 
A regra de ouro das contas públicas estabelece que a União não pode se endividar para pagar gastos correntes, mas apenas fazer despesas com investimento e refinanciamento da dívida. É preciso entender que a atual situação caótica do país foi causada pela indolência de todos que se deixaram engodar pelos palradores e se acomodaram às benesses. Pintaram e bordaram enquanto puderam com carnaval, televisão, futebol e ganhos. Quem ainda se lembra quanto custaram os estádios da copa? Só com bom preparo para a vida e anseio de construir um Brasil melhor poderá haver algum progresso. 
 
Uma tarefa prioritária de nosso existir é a busca por esclarecimentos sobre a finalidade da existência, e se isso não for feito desde cedo, a fase da velhice deve ser aproveitada para esse propósito com toda a energia. Uma explicação da Vontade Divina é a interpretação do funcionamento da sua Criação e suas leis, sem isso falta a base para o real saber.
 
Os sistemas criados pelos homens deveriam atender as necessidades humanas com liberdade e seriedade, gerando ganhos. Mas acabaram se voltando para gerar lucros e poder, deixando as necessidades humanas a cargo dos incompetentes Estados e seus perdulários estadistas, e assim as crises se tornaram inevitáveis. Neste país abandonado, de escassez de homens de bem, a maior parte da classe política só quer levar vantagens. Estamos no ponto de viragem enfrentando as consequências de todos os erros.
 
Os franceses também reclamam da falta de empregos. A economia global ficou desequilibrada. De um lado consolidou-se o “financeirismo” e de outro surgiu um processo que foi concentrando a indústria na Ásia. Quem precisa de dólares tem de pagar juros, que elevados, valorizam o câmbio. Pode-se perceber nisso a interferência do princípio do moderno mercantilismo que visa o acúmulo de dinheiro forte. Como restabelecer a simetria, pergunta o presidente da França Emmanuel Macron. Qual a tendência futura? Sem um consenso geral, os esforços para fortalecer o nacionalismo econômico tenderão ao acirramento das relações comerciais. O sistema atual tem provocado desemprego e queda no PIB e na arrecadação, desorganizando ainda mais a precária situação, acarretando aumento da dívida para que os Estados possam atender seus encargos. 
 
No século passado, ainda havia um grupo de especialistas que examinavam os problemas do mundo e propunham soluções visando melhor futuro. Com a expansão do apagão mental e declínio da cultura, coube aos políticos tomar decisões ao sabor do imediatismo e dos interesses dominantes, criando-se um aglomerado de ações inadequadas ao progresso real.
 
Clóvis Rossi, jornalista e colunista do jornal Folha de São Paulo, classificou Oprah Winfrey e Luciano Huck como os novos profetas da autoajuda que se insinuam como prováveis campeões de votos. Vale lembrar o texto da Bíblia que diz: “naqueles tempos surgirão muitos profetas. Cuidado com os falsos profetas, bons de conversa. Vocês os reconhecerão por seus frutos.”
 
O mundo adentra na grande crise da transformação que se apresenta sob múltiplas faces, mas na verdade se trata da grande crise da humanidade que, em sua extensão, mostra o grande atraso gerando um mundo hostil onde deveria existir apenas paz, progresso e alegria. O ano de 2019 dará continuidade à ebulição em andamento, influenciada pelas decisões do presente ano. Se forem movidas pela cobiça de poder, o que poderemos esperar senão o agravamento geral? Esperemos que haja um mínimo de sabedoria e desprendimento.



Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini e é associado ao Rotary Club de São Paulo. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012...e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens” ,“A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin - Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7
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