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Comércio em equilíbrio

Benedicto Ismael C. Dutra
18/02/2019



 Num artigo publicado em 2018 pelo jornal O Estado de S. Paulo, Cláudia Trevisan fez ampla análise da situação econômica da China, cujo primeiro ministro Xi Jinping a está delineando como superpotência. Ele considera o modelo chinês “exportável”, declarando que o sucesso dos últimos 40 anos pode ser um modelo para países em desenvolvimento que buscam progresso econômico. 

A manutenção do Partido Comunista no comando e no controle geral da sociedade chinesa visa adaptar o marxismo à realidade atual do mundo. Jinping adotou um tom triunfalista ao lembrar as conquistas das últimas quatro décadas, período no qual seu país se transformou na segunda maior economia, na maior potência comercial e no maior detentor de reservas internacionais do mundo.
 
Utilizando políticas industriais que colocam o Estado na busca do desenvolvimento das tecnologias que dominarão a economia do Século 21, a China avança na produção de manufaturas para exportar e na tecnologia de ponta, enquanto muitos países, inclusive o Brasil, se encheram de dívidas, enfrentado queda na produção, na arrecadação, no salário e na aposentadoria, embora o custo de vida vá sempre sendo atualizado. 
 
Com a subida dos juros americanos, a dívida externa dobrou nos anos 1980 e o Brasil quebrou. Toda exportação foi usada para pagar juros e resgates, uma vez que o governo emitia para comprar os dólares e inundou o mercado de moeda que se depreciava diariamente. Dívida é a mais crítica questão da gestão pública. Aí a irresponsabilidade novamente levou o país à beira do abismo, sem que tivesse destinado os valores em benfeitorias de real proveito. Muitos Estados quebram porque gastam mal e acima do que arrecadam, se endividam e depois ficam insolventes.
 
Com a possibilidade de emitir dinheiro do nada, o combustível do comércio se tornou tóxico. Quanto mais moeda em circulação, maior montante passa a ser exigido devido à depreciação do poder de compra, até que num dado momento vem a parada geral; é quando os preços caem, dando chances a quem tiver dinheiro para boas aquisições para recomeçar um novo ciclo.
 
Ricos ou pobres, em geral os Estados não dão muito apreço à natureza. A exploração de minérios no Brasil mostra a triste realidade de uma civilização que, por sua cobiça por uma riqueza menor, perdeu a visão da beleza e da grande riqueza da natureza que a tudo sustenta. A displicência e irresponsabilidade se observam de modo geral em tudo no país. 
 
Tudo foi sendo deixado ao acaso, cada um agindo como lhe apetecia. Desindustrialização.  Uso geral dos computadores restringindo o ser humano e suas capacitações que vão se perdendo. O apagão moral e mental se espalhando. Cada um acha que o problema é do outro e ninguém toma uma atitude para verificar claramente o que está acontecendo. Falta transparência. Pão e circo, despreparo das novas gerações e escandalosa transferência das riquezas estão fazendo do Brasil um abismo de lama.
 
Na medida em que as novas tecnologias vão sendo utilizadas em larga escala para reduzir custos e ampliar o controle sobre as pessoas, as atividades vão entrando em rígidas rotinas que se resumem em apertar botões. Se as pessoas não se dedicarem a outras atividades como a leitura e estudos sobre o significado da vida acabarão emburrecendo, perdendo o foco e a capacidade de pensar com clareza.
 
A invenção da moeda e do crédito acabaram estabelecendo o “financeirismo” como a prioridade dos líderes. A China percebeu isso e voltou sua economia para o acúmulo de moeda global e aumento de poder. Triunfante, Xi Jinping oferece o modelo chinês como tipo de governança que está dando resultado. Mas seja qual for o tipo de governança, o aprimoramento da espécie humana não tem sido o alvo prioritário da humanidade.
 
Por que cerca de um bilhão de chineses permaneceram na miséria por longo tempo? Por que a miséria e a precariedade estão aumentando em várias regiões, inclusive no Brasil?  Evidentemente, o bom preparo da população e definição de metas que promovam a continuada melhora das condições contribuiria para impedir a instalação da pobreza e miséria, mas, além disso, para que haja progresso, o intercâmbio entre os países requer equilíbrio livre de cobiça, progredindo a economia em paralelo com a evolução natural da vida.   



Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini e é associado ao Rotary Club de São Paulo. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012...e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens” ,“A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin - Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7
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