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A ORATÓRIA PEDAGÓGICA E SUA IMPORTÂNCIA

J. B. Oliveira
20/03/2011



— Mais um tipo de Oratória que eu não conhecia!… E você diz que ela tem IMPORTÂNCIA!?

— Se tem?! Muito mais importância do que “sonha a nossa vã filosofia”, como diria Shakespeare. A indiscutível verdade é que, no campo do conhecimento formal, a Oratória Pedagógica é fundamental, por ser a PRIMEIRA! Ela é o nosso contato inicial com o imenso e extraordinário Mundo da Comunicação Humana!

— Dá pra explicar isso melhor?

Dá sim, e para isso vamos partir do entendimento do que é PEDAGOGIA, palavra nascida de dois termos gregos: PAIDOS (pedós), que significa criança e AGOGÔ, do verbo agogé, cujo sentido é conduzir. A PEDAGOGIA, portanto, tem por função conduzir a criança no campo da educação, notável área do conhecimento humano que sempre mereceu atenção e respeito dos grandes vultos da humanidade, em todos os tempos.

No século XVIII, Immanuel Kant (1724-1804), ao dizer: “A educação tem por fim desenvolver, em cada indivíduo, toda a perfeição de que seja capaz”, certamente estava lembrando a expressão de outro filósofo, bem mais antigo, Platão (429-347 a.C.), para quem “Educar é dar à alma e ao corpo toda a perfeição e a beleza de que são susceptíveis.” Para o educador americano John Dewey (1859-1952), “A educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, é a própria vida.” Por fim, Thomas Fuller, religioso, historiador e pensador do século XVII (1608-1661) quando declara: “A educação inicia o cavalheiro; a conversação o completa”, deixa claro o vínculo entre a Pedagogia e a Oratória: a Comunicação.

Uma reflexão sobre as afirmações acima mostra que EDUCAR não é meramente ensinar a ler e escrever ou a conhecer Geografia, História, Gramática, Matemática ou qualquer outra disciplina. É, na feliz síntese de Platão, “dar à alma e ao corpo toda a perfeição e a beleza de que são susceptíveis”, ou seja, é proporcionar o desenvolvimento integral da pessoa. E isso envolve a FALA, característica mais marcante do ser humano – pois ele é a única criatura na face da terra QUE FALA!

E aí chegamos à PEDAGOGIA DOS BONS TEMPOS! Da velha e boa ESCOLA PRIMÁRIA!!!

Um dos trabalhos escolares era ler em voz alta. Então vícios básicos, como voz mal colocada ou malformada, má articulação das palavras, defeitos de pronúncia, respiração incorreta, ritmo irregular de fala e outras falhas de califasia eram detectadas e eliminadas! O aluno saía do então chamado Curso Primário sabendo usar correta e elegantemente a palavra, o aparelho fonador e o corpo! Por isso, particularmente, chamo esse estágio do sistema escolar de CCQ‑G – Centro de Controle de Qualidade de GENTE!

No mundo empresarial, o CQC controla a qualidade dos produtos de sua fabricação – e os corrige – antes de colocá-los no mercado. O outro mundo, o familiar, fabrica um “produto” chamado GENTE. Às vezes, por deficiência ou inadequação da “fábrica”, o “produto” sai com algumas imperfeições. Então, ao passar pelo CQC‑G, as falhas percebidas são cuidadosa e carinhosamente corrigidas!

Na velha e boa Escola, na disciplina “Leitura e Interpretação”, o aluno lia em pé o texto indicado pela Professora (…e não “tia”! E assim: com “P” maiúsculo!). Apenas isso já melhorava a qualidade da fala, porque provocava a distensão do diafragma, da caixa torácica e dos músculos intercostais.

Tenho repetido insistentemente em minhas palestras e cursos de Oratória que O ORADOR:
  • deve falar em pé para ser visto;
  • deve falar alto para ser ouvido;
  • deve falar claro para ser entendido; e
  • deve falar pouco para ser aplaudido!
Em eventos políticos, sociais e culturais, muitas vezes o orador fala sentado, quando deveria fazê-lo em pé. De preferência, da tribuna, para efeito de destaque e para indicar à assistência quem é o orador.

Em consequência das muitas alterações ocorridas no sistema educacional, as escolas não têm cumprido fielmente sua missão de “desenvolver em cada indivíduo toda a perfeição de que ele seja capaz”. Especialmente no que tange à COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL. O resultado é que cada vez mais chegam aos meus Cursos de Oratória pessoas de todas as áreas de atividade e de todos os graus de escolaridade. Vêm em busca de ajuda para corrigir falhas de dicção e comunicação, eliminação da timidez, do medo de falar em público e outros males que a ORATÓRIA PEDAGÓGICA evitaria!

Com muita razão, disse Voltaire (1694-1778) “EDUCAR MAL UM HOMEM É DISSIPAR CAPITAIS E PREPARAR DORES E PERDAS À SOCIEDADE”!
 



*J. B. Oliveira é Consultor Empresarial, Advogado, Jornalista, Professor Universitário e Escritor. “Falar Bem é Bem Fácil” é uma de suas obras. http://www.jboliveira.com.br/ jboliveira@jbo.com.br
Comentários:


Maria (maria.alves8201@gmail.com) comentou em 28/08/2013 - 23:08:22

O texto maravilhoso... parabéns ao professor...

Cyntia Ribeiro comentou em 12/09/2014 - 13:09:24

Boa Tarde!
Ótimo texto!
Gostaria que me recomendasse algumas bibliografias sobre Oratória Pedagógica.
Muito obrigada,
Profª Cyntia Ribeiro


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