Que influência tem exercido a mídia no comportamento de crianças e jovens de todo o mundo? Quais as consequências físicas, emocionais e mentais do consumo televisivo e similares, nessas faixas etárias em desenvolvimento? Especialista na Ciência dos Meios de Comunicação, Heinz Buddemeier analisa de modo objetivo e didático, principalmente o que não é revelado nas pesquisas que própria mídia conduz.
Na pesquisa de mídia não se trata mais apenas de estabelecer o 'correto' ou 'incorreto', e sim do seguinte: o que é levado em conta e o que é deixado de lado? Quem percebe e se preocupa com a influência da mídia na educação e formação das novas gerações? De preferência, ignoram-se sinais indicativos de que as cenas de violência na mídia estimulam o comportamento agressivo dos jovens.
Milhões de pessoas observam diariamente cenas como esta: um homem esmurra um outro até que este comece a sangrar. Ao fim, quando a vítima se encontra caída no chão, gemendo de dor, recebe ainda pontapés do agressor. Porque as pessoas sentem prazer na repetida observação desse tipo de cena? E o que se passa com elas? Será que tais cenas de violência influenciam o comportamento do espectador na vida real? Essas questões vêm ocupando há décadas os pesquisadores de mídia. O interesse por tais pesquisas justifica-se plenamente pela dominante presença, nos meios de comunicação de massa em escala global, de cenas como a descrita acima.
Se antes da idade de sete anos a criança vê ao seu redor apenas atitudes tolas [insensatas], o cérebro adquire formas tais que a capacitam apenas para tolices [insensatez] na vida posterior.
Qual diferença há, por exemplo, para os olhos, entre o ato de ler, observar uma paisagem ou assistir a uma ação na tela o televisor? Quais consequências advêm do fato de a televisão apresentar a cada cinco segundos uma nova imagem? Cada uma dessas imagens mostra um corte diferente do mundo real, provocando sentimentos relacionados com isso. Que efeito tem, no âmbito anímico, a sucessão rápida? Como a mídia atua nas crianças e como atua nos jovens? É surpreendente a falta de conhecimento da ciência midiática em r
elação aos meios de comunicação cujo efeito ela pesquisa.
Embora focalizando os efeitos da mídia no público infantil e juvenil da Alemanha – e reportando-se também a pesquisas nos E.U.A. – o presente texto se situa perfeitamente na realidade globalizada das comunicações modernas, fornecendo parâmetros para pesquisadores e educadores de todo o mundo. Sua exposição realista e minuciosa é um claro alerta para a 'face oculta' da mídia, que sorrateiramente se insinua na vida da humanidade atual sob uma cativante aparência de diversão.
Lidar com a mídia de maneira consciente, não sucumbindo ao seu fascínio muitas vezes desastroso e, principalmente, preservando o desenvolvimento infantil e juvenil de sua influência, é o que aconselha aqui o autor, reconhecido estudioso dos meios de comunicação. Oferecer a crianças e jovens a oportunidade de desenvolverem suas capacidades latentes nada tem a ver com submetê-los continuamente a uma atitude passiva e alienada da realidade, que os impede de reconhecer a vida real, com seus valores concretos e possibilidades de atuação consciente. Aqui, educação e alienação são os evidentes opostos a escolher.
Editora Antroposófica, 2007