Escrever a respeitodesse assunto é uma tarefa muito trabalhosa. Principalmente porque envolve objetivos contrários e também porque é muito difícil se manter imparcial com relação às medidas que o governo toma para intervir na economia. Sempre observo os fatos para dar sustentação aos argumentos.
Como a inflação está totalmente fora do centro da meta e isto se deve, principalmente, ao aumento do consumo, países como o Brasil (de alta população e baixos investimentos e poupança) tem no consumo e nas exportações o fator gerador para crescer sua economia e se desenvolver. Portanto, se essa equação se desequilibra pode haver inflação ou recessão. A ação do governo para frear o consumo, aumenta a taxa Selic que, por sua vez, afeta a taxa de câmbio, influindo diretamente no preço dos bens brasileiros exportados.
O Real valorizado torna mais caro os produtos brasileiros para outros países. Com isso, as receitas de nossas empresas se reduzem em função da diminuição das vendas. O Governo lança mão de políticas para evitar que o Real se valorize, ou que o dólar fique mais barato. Faz leilões de reservas ou sobretaxa o capital estrangeiro. Assim, ele impede a entrada de dólares especulativos (com vistas a lucros rápidos). Restringindo a quantidade de moeda estrangeira, faz com que seu preço aumente.
Agora: “O aumento da taxa de juros para conter a inflação”. Essa medida faz com que o crédito se torne mais caro e também que aplicações de renda fixa tenham rendimento maior, além de atrair capital estrangeiro, e isso faz com que o efeito sobre a taxa de câmbio seja inverso. Um empresário pode deixar de investir em produção e aplicar o dinheiro em renda fixa. O dinheiro sai de circulação e reduz a pressão sobre os preços internos. Em outras palavras, é uma força lutando contra outra. Uma medida para segurar o câmbio e outra para segurar a inflação, mas uma anula a outra.
Todas as medidas para conter a Taxa de Câmbio não tem se sustentado a longo prazo, são medidas imediatistas. Além do que o momento econômico para o Brasil torna quase nula qualquer ação para impedir a valorização do Real. Os dólares vão continuar entrando, a não ser que haja nova crise mundial.
Portanto o problema não pode ficar a cargo exclusivamente de um grupo do Poder Executivo, o mesmo que durante anos alardeou o pagamento da dívida externa e em contrapartida, triplicou a dívida interna e, para finalizar, voltou com a dívida externa ao mesmo patamar anterior. O Legislativo deve colaborar para reduzir a carga tributária, estimular a produção e o emprego, desonerar a folha de pagamentos, estimular a criação de mais empresas e trabalhos formais, reduzir os impostos, etc. Não existem fórmulas que não passem pela produção, geração de emprego e renda, além do governo não gastar mais do que pode.