A economia de mercado traz o pressuposto da liberdade e, sem ela, as ações humanas não têm sentido. Na concepção de Adam Smith, a economia de mercado só é possível em uma sociedade livre, “da liberdade perfeita” onde cada pessoa trabalha no sentido de atender ao seu interesse pessoal. O comportamento natural de povos livres é a melhor maneira de se assegurar de que os produtos e serviços estejam sendo produzidos nas quantidades e qualidade adequadas e distribuídos da maneira mais eficiente.
No entanto, ao se afastar do caminho das leis naturais da vida, no intuito de satisfazer interesses egoísticos, a humanidade estruturou a vida calcada em muitos artificialismos, passando a produzir de maneira irracional muitas coisas que não são necessárias, e nem tão pouco essenciais. Muitos são os desperdícios, muitos são os recursos utilizados para fins inadequados, resultando num desequilíbrio. A população está consumido 30% a mais do que o planeta pode repor naturalmente.
Apesar dos avanços tecnológicos, a humanidade ainda permanece nos estágios mais elementares do desenvolvimento, o que fez crescer a miséria e a exploração do homem pelo homem. Adam Smith nunca supôs que os seres humanos seriam conduzidos unicamente pelo interesse pessoal em um sentido material, mas presumiu que para a maioria das nações o “interesse pessoal” incluiria o “interesse espiritual”.
Os diferentes povos estão no planeta Terra para alcançar evolução e felicidade. A partir do solo onde nasceram deveriam desenvolver a cultura própria e cultivar a diversidade para revigoramento e progresso contínuos. Supõe-se que um povo evoluído saberia manter o crescimento populacional em níveis adequados aos recursos naturais disponíveis, e o crescimento econômico continuado deveria ter possibilitado uma participação equitativa nos resultados, incluindo desenvolvimento cultural, boa formação pessoal e educacional. Um povo evoluído não transformaria as finanças num cassino de apostas virtuais onde a astúcia pode obter mais ganhos do que a produção de bens reais. As elites econômicas criaram o pressuposto de que se poderia criar riqueza através da liquidez virtual inflando todas as cotações e deu no que deu: os preços baixaram, a liquidez evaporou e o mundo se viu pobre, diante das inúmeras necessidades não atendidas.
Como consequência estamos ingressando numa fase de retrocesso com redução de renda da população, inclusive nos EUA, nação que tinha o sonho de progresso harmonioso e pacífico, admirado e invejado pelos povos.
Agora o momento é critico. Para transformar em ação o “we can” – cantado na vitória do novo presidente norte-americano eleito, Barak Obama – temos que acreditar que podemos modificar a situação se estivermos dispostos a acatar as normas ditadas pelo bom senso. O momento é muito difícil. É de luta pela sobrevivência, e sem uma forte dose de boa vontade para uma reconstrução condigna com a espécie humana, será dificil evitar que os temores e os ódios se sobreponham ao bom senso e precipitem os acontecimentos de forma definitiva e irreparável.