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PARA ONDE O TRÂNSITO ESTÁ LEVANDO O TRABALHO?

Luiz Roberto G. Fava
06/10/2011




Para quem vive nas grandes metrópoles e necessita enfrentar o trânsito caótico para se deslocar de casa ao local de trabalho e vice-versa, necessita estar preparado para enfrentar um inimigo diário: o estresse do para-e-anda e dos congestionamentos que, nos horários de pico, podem atingir os três dígitos no número de quilômetros.

Trânsito é, sim, fonte de desgaste e estresse. Não somente dos motoristas de carros, caminhões, motos e ônibus, mas também de pedestres e ciclistas. Todos, sem exceção, estão sujeitos a Inúmeras situações desgastantes e estressantes.

Veja algumas delas:

  • motoristas que arrancam quando o semáforo muda a luz para amarelo: não esperam a luz verde:
  • motoristas que avançam sobre a faixa de pedestres antes que o mesmo termine sua travessia;
  • motoristas de ônibus e vans que aceleram antes da entrada ou saída completa dos passageiros;
  • uso de velocidade excessiva para compensar o tempo perdido nos congestionamentos;
  • empresas de transporte que não oferecem condições adequadas para o trabalho dos motoristas;
  • passageiros de ônibus e vans que distraem a atenção dos motoristas com conversas intermináveis;
  • motoristas que se acham os “donos do mundo”, os “donos da cocada preta”, porque veem no carro um símbolo de status e poder;
  • motoristas que dirigem pressionados por outros problemas (família, financeiro, trabalho, etc.);
  • congestionamentos em dias de rodízio, como em São Paulo, onde se passa muito tempo sentado sem mudar de posição;
  • motoristas, ciclistas e pedestres imprudentes;
  • poluição sonora (motores, buzinas, som alto);
  • poluição do ar, o qual é impuro e todos são obrigados a respirar;
  • ação de vândalos; e,
  • possibilidade de ser assaltado.

Basicamente todo o estresse vem da impossibilidade da realização de alguma tarefa porque o trânsito gera atrasos e não se chega ao destino final na hora aprazada.

Tudo isso produz uma liberação excessiva dos hormônios do estresse, o que gera comportamentos agressivos como discussões, agressões físicas e até homicídios, geralmente como consequência de reações do tipo “lutar ou fugir”, característica da primeira fase do estresse.

Lembre-se sempre que seu carro não é sinônimo de poder e/ou status, ele é apenas um meio de transporte e não um escudo ou armadura medieval que lhe serve de proteção.

Além do mais ele não é nem a extensão da sua casa ou de seu escritório; por isso toda a atenção se faz necessária para a sua segurança e também para a segurança dos outros motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres.

Para se ter uma ideia do problema, transcrevo abaixo dados publicados na revista Melhor (junho de 2011):

Dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) apontam que, em 2010, a frota brasileira atingiu mais de 64 milhões de veículos em todo o país, alta de 8,4% no ano, e uma impressionante expansão de 119% na última década.

A realidade do tráfego nas maiores cidades do mundo tem piorado a cada ano. Um estudo feito pela IBM com 8192 motoristas de 20 cidades do mundo aponta que para a maioria dos entrevistados (67%) o trânsito piorou nos últimos três anos. No ranking, Pequim e cidade do México têm os trajetos para o trabalho mais desconfortáveis, enquanto São Paulo é a sexta.

Dos entrevistados, 29% afirmam que o trânsito afetou negativamente seu desempenho no trabalho ou na escola, e este índice sobe para 84% em Pequim, 62% em Nova Delhi e 56% na Cidade do México.

Estes dados são extremamente preocupantes tendo em vista que aquilo que as empresas mais querem é atingir altos índices de produtividade. Mas como alcançá-los com colaboradores que já chegam ao local de trabalho cansados e estressados e que irão produzir muito abaixo do esperado, tendo como causa principal o trânsito?

Bem, existem duas maneiras de enfrentar este tipo de situação, no que diz respeito ao colaborador.

A primeira é morar perto do local de trabalho, o que traz muitas vantagens como caminhar algumas quadras, almoçar em casa, não pegar trânsito para ir e voltar do trabalho (a não ser o de pedestres e cachorros), ter mais tempo para si e para a família, etc.

Mas se você não tem este privilégio e precisa enfrentar o trânsito, aqui vão algumas sugestões para não se estressar ou para diminuir seu índice:

1 – saia mais cedo de casa;

2 – procure rotas alternativas, evitando aquelas com mais trânsito. Um GPS pode lhe ser de grande ajuda;

3 – se você acordar “naqueles dias”, nervoso (a), mal-humorado (a), com jeito de “poucos amigos” e prestes a explodir, não vá de carro. Use taxi, ônibus, metrô, van, lotação, bicicleta ou vá a pé. Não se arrisque e nem aos outros;

4 – e, enquanto estiver no para-e-anda, você pode:
a – ouvir música, de preferência relaxante, e em volume razoável. Afinal de contas, ninguém é obrigado a escutar o que você está escutando;
b – ligue o ar condicionado;
c – use sua mente para planejar algo importante de sua vida, seja no âmbito familiar, financeiro, pessoal, profissional, etc.;
d – use sua mente para buscar aspectos positivos de sua Vida, incremente sua criatividade, busque novos insights;
e – pratique técnicas de respiração lenta e profunda, exercício excelente para acalmar a mente em momentos de tensão;
f – se você tiver um smartphone aproveite para adiantar seu trabalho, checando e‑mails, enviando e-mails, marcando encontros, etc., enquanto estiver parado. E nunca, nunca use o celular ao volante; quando muito, use o viva voz;
g – retocar a maquilagem ou tirar a sobrancelha;
h – ler;
i – aprender outro idioma.

A outra maneira diz respeito às empresas, que poderão adotar várias maneiras de driblar os atrasos dos colaboradores causados pelo trânsito.

Além daquelas medidas que devem estar presentes no ambiente de trabalho visando o bem estar dos colaboradores e que os deixem mais relaxados e mais felizes, outras alternativas vem sendo implementadas pelas empresas com o intuito de não diminuir a produtividade e o alcance das metas e objetivos.

Basicamente, estas alternativas são: teletrabalho, flex office, horário flexível e escritório virtual.

1 – Teletrabalho

Também conhecido como home office, trabalho remoto ou trabalho à distância, é definido pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) como “a forma de trabalho realizada em lugar distante do escritório central e/ou centro de produção, que permite a separação física e que implique no uso de uma tecnologia facilitadora da comunicação.

Este é um tipo de trabalho que cresce cada vez mais no mundo globalizado. Seja na própria casa ou em qualquer outro lugar como escritórios virtuais, num bar ou restaurante, Oe mesmo em um parque ou um clube.

O trabalho à distância permite que as tarefas sejam realizadas com liberdade e autonomia, gerando maior produtividade vista que o não enfrentamento do trânsito, além de diminuir o estresse, faz aumentar a automotivação e o sentimento de independência.

Calcula-se que, atualmente, mais de 10 milhões de brasileiros já desenvolvam este tipo de atividade originária dos Estados Unidos.

Não cabe, neste texto, descrever as vantagens e desvantagens deste tipo de atividade, tanto para o colaborador como para a corporação. Isto é assunto ara os especialistas da área. Mas o que vale a pena destacar é a produtividade que esta modalidade de trabalho proporciona.

Uma pesquisa encomendada pela Cisco revelou “que a maioria dos brasileiros acredita que a produtividade não está relacionada com a jornada de trabalho dentro das empresas: 76% deles acreditam que não é preciso estar fisicamente no local de trabalho para ser produtivo. A preferência dos brasileiros por trabalhar remotamente está acima da média mundial, que foi de 60%, e só abaixo de Índia, com 93%, e China, com 81%. O estudo revelou, também, que 83% dos brasileiros estariam dispostos a trocar salários e flexibilidade do horário de trabalho. A média mundial para este item dói de 66%”. (Revista Melhor, junho de 2011).

Uma outra pesquisa realizada pela Citrix Systems, publicada na Revista Melhor (maio de 2011), revelou que 77% dos profissionais se sentem mais produtivos quando estão fora do ambiente corporativo e trabalhando por meio de dispositivos pessoais. Os resultados mostraram que:

  • 67% dos entrevistados utilizam dispositivos pessoais para realizar tarefas profissionais;
  • 69% preferem usar smartphones durante viagens de negócios;
  • 87% afirmaram que o trabalho remoto é aceito em suas empresas;
  • 54% trabalham remotamente durante um ou dois dias por semana, e 27% por três dias ou mais;
  • 87% alegaram que resolvem seus próprios problemas de TI sem o suporte da empresa; e,
  • 64% usam três a quatro dispositivos diferentes por dia.

O teletrabalho  é um modelo adequado ao  mundo globalizado e à inserção social pois pode ser realizado a qualquer hora, em qualquer lugar sendo isento de preconceitos relacionados à idade dos trabalhadores assim como sua ração, sexo, sendo ou não portadores de deficiências físicas.

De uma forma simplista, é uma forma de trabalho extremamente democrática.

2 – Flex Office

Uma das desvantagens de se trabalhar em casa é transformar um local da casa para ser o “escritório” da empresa.

Isto, além de se tornar um local “privativo”, inibe a liberdade dos demais habitantes e membros da família de sua liberdade doméstica.

Talvez, por isso, desenvolveu-se nos Estados Unidos o conceito de flex office.

O flex office é um tipo de escritório disponibilizado pela empresa (e construído por ela) geralmente em áreas próximas às residências dos colaboradores com o intuito de diminuir o tempo e o estresse gerados pelo trânsito além de facilitar a mobilidade dos colaboradores.

Estes espaços são dotados de toda a tecnologia (computadores, telefones, conexão em rede, impressoras, etc.) para fazer com que o trabalho seja mais produtivo.

3 – Escritórios virtuais

Baseiam-se no mesmo conceito anterior, só que não são construídos e disponibilizados pelas empresas.

Tais escritórios também são dotados de toda a tecnologia e infra estrutura e locados por períodos de tempo definidos.

Podem se alugados por somente uma pessoa para realizar seu trabalho ou para a realização de reuniões presenciais com número variável de pessoas.

4 – Horário flexível

Muitas empresas, em função do trânsito, tem adotado este modelo: colaboradores que moram perto da empresa entram, por exemplo, às 8 horas; os que moram mais longe tem a liberdade de iniciar seu expediente às 9 ou 10 horas.

Um outro benefício oferecido pela corporação, em casos bem estudados e específicos, é oferecer um salário maior para que o colaborador alugue um imóvel para morar perto da empresa.

Acredito que, com o passar do tempo, novas formas de trabalho passarão a existir.

Trânsito, estresse e perda de tempo nos congestionamentos são fatores que estão levando as empresas a criar novas relações de trabalho visando uma maior produtividade e mais saúde, física e mental, para seus colaboradores.

Para que todos, sem exceção, saiam ganhando.




Luiz Roberto G. Fava é cirurgião dentista, especialista e ministrador de cursos em Endodontia e Palestrante nas áreas de qualidade de vida, motivação e sucesso
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