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ALIENAÇÃO – GERAÇÃO ALIENADA

Benedicto Ismael C. Dutra
08/10/2011



A alienação produz seres humanos desatentos e desfocados de sua vida e de seu ambiente.

Eu estava buscando palavras para falar o que é alienação. Fazendo busca no Google, logo achei na Wikipédia uma explicação ampla sobre a palavra “aliena” e seus significados: cessão de bens, transferência de domínio de algo, perturbação mental, na qual se registra uma anulação da personalidade individual, arrombamento de espírito, loucura. A partir desses significados são traçadas algumas diretrizes para melhor analisar o que é a alienação, e assim buscar alguns motivos pelos quais as pessoas se alienam. No entanto, permanecem quase desconhecidos os processos alienantes da vida humana.

Prosseguindo na busca deparei com a resposta vinda do Yahoo: “Alienação é uma forma de tirar a identidade das pessoas. Uma pessoa alienada é aquela que age sem saber das coisas. Embora sendo uma pessoa que vive, não dá importância para o que se passa no mundo. Que não luta pelos seus ideais e que se submete a qualquer coisa. Algumas pessoas são tão alienadas que não sabem nem mesmo a situação que nosso país está vivendo. O governo e a mídia são os principais agentes na alienação. Com programas como Big Brother, que não tem um valor cultural e que induz a pessoa a ligar para eliminar ‘candidatos’ e escolher um preferido em um reality show. As pessoas não sabem que perdem o tempo precioso, em que podiam estar lendo um livro e jornais para saberem o que se passa pelo mundo. O governo por sua vez sempre diz que está tudo bem, e joga debaixo do tapete as incríveis façanhas como a corrupção e as médias baixas na qualidade de vida do nosso país. Alienação é se deixar levar, sem ter opinião e sem saber o porquê das coisas”.

Acho que podemos dizer que alienação trata do mistério de ser ou não ser, pois uma pessoa alienada carece de si mesmo, tornando-se sua própria negação. Então, alienação refere-se à diminuição da capacidade dos indivíduos em pensar e em agir por si próprios, de conhecerem e compreenderem a si próprios e a sua vida, mas isso só acontece porque, em sua indolência, as próprias pessoas permitem a alienação.

Ao se afastar da naturalidade, o ser humano perdeu a clareza tornando-se susceptível à alienação, isto é, ser afastado de seu propósito, e com isso sufocar a sua essência que o distingue como espécie destinada a enobrecer tudo.

Lamentavelmente, as novas gerações se encontram tendendo para sua completa alienação da vida, a começar pelo funcionamento do próprio corpo e de tudo o mais que se refere à vida. Não estão dando importância para o que se passa consigo ou em seu entorno mais próximo, isto é, não sabem das coisas, nem querem saber.

Até a eclosão da Segunda Grande Guerra tínhamos o que se convencionou chamar de geração tradicional. O mundo estava envolvido por uma religião dominante com seus fundamentos dogmáticos que não enfatizava a busca do saber. No entanto, as pessoas apreciavam as artes, liam mais jornais, revistas e livros, o que se revelava pelo esforço em usar o bom senso e algum esforço para a compreensão dos acontecimentos. No pós-guerra tomaram corpo as ideias de marketing que propunham o aumento do consumo de supérfluos. Inicialmente, ampliou-se a propaganda no rádio. Depois veio o cinema e a televisão invadindo a mente daqueles que não fizeram uma pressão em sentido contrário, se deixando envolver amplamente pelo merchandising e condicionamentos. Junto também veio o marketing político lançando nuvens de mentiras para eleger governantes.

Para Edward Bernays, o precursor da propaganda, a propaganda tem um significado específico, sendo "um esforço consistente e persistente, para criar ou moldar acontecimentos para influenciar as relações do público com uma empresa, ideia ou grupo.

Com o advento da televisão o hábito de ler foi perdendo o seu espaço. Televisão com sua programação massiva, videogame, computador, celular, enfim todos os avanços que deveriam ter contribuído para o continuado desenvolvimento humano, contribuíram para o surgimento das chamadas gerações X, Y e Z, que em progressão, foram se distanciando mais e mais da leitura profunda e, ao mesmo tempo, reduzindo a disposição para um foco empolgado e atento na compreensão da vida, buscando refugiar-se com futilidades. Assim, facilmente se deixam influenciar pela propaganda enganosa de empresários inidôneos ou políticos inescrupulosos.

A alienação produz seres humanos desatentos e desfocados de sua vida e de seu ambiente. Para desenvolvermos seres humanos com visão, despertos e conscientes, a mudança deve começar em casa com a orientação dos pais, desde a primeira infância, e deve continuar por toda a vida, através de uma visão compartilhada de aprendizado, fortalecimento da qualidade humana e da busca de um melhor futuro, com paz e sustentabilidade entre os homens e a natureza.




Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini e é associado ao Rotary Club de São Paulo. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012...e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens” ,“A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin - Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7
Comentários:


Eduardo Makdisse (makdisse@yahoo.com) comentou em 09/10/2011 - 12:10:36

Concordo com a opinião baseada na realidade dos jovens de hoje e acrescento que além de alienação tendemos a depressão por falta de valores mais profundos e quando temos esses valores, o mundo todo quase não os tem. Daí vira um complexo estado de excitação e depressão quimicamente alternados em remédios e drogas. Nossa geração vive o momento mais difícil mas também o mais iluminado de todos os tempos! Por isso podemos escolher como queremos viver a vida... Se profundamente ou superficialmente... Não acho uma escolha difícil! Abraços meu amigo Ismael Dutra!

Vanessa Herrmann (nessa_herrmann@hotmail.com) comentou em 28/08/2012 - 23:08:48

Foi de grande ajuda o seu texto, realmente muito bom e bem esclarecedor. Obrigada!

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