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JUROS, CÂMBIO, IPI E EDUCAÇÃO

Benedicto Ismael C. Dutra
12/10/2011



A economia mundial se encontra em meio a uma forte turbulência. Há uma luta ferrenha pelos mercados. Um desarranjo cambial. Estagnação e desemprego nos países desenvolvidos. É necessário um permanente esforço de adaptação às oscilações. No Brasil, em setembro, o Banco Central surpreendeu o mercado reduzindo a taxa de juros em meio por cento. O mercado financeiro se opôs, alegando os riscos de aumento da inflação.

Em seguida, o governo elevou em 30 pontos percentuais o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de veículos importados, ou que não atendam a novos requisitos de conteúdo nacional. A ANFAVEA, associação que reúne as montadoras com fábricas no Brasil, se pronunciou sobre o tema. Em entrevista, Cledorvino Belini, presidente da entidade e da Fiat-Chrysler América Latina,  declarou que,  por causa da atual “conjuntura econômica”, as medidas “são duras, mas necessárias”. Segundo a visão da ANFAVEA, o decreto governamental não visa proteger os interesses das principais montadoras sediadas no país, e sim, estimular a indústria nacional como um todo, em especial a inovação, ressaltando dois aspectos a respeito das mudanças. O primeiro é que suas próprias associadas serão prejudicadas. O segundo é que o aumento do IPI não irá prejudicar os investimentos no Brasil, e sim, estimulá-los. O Executivo destacou a entrada maciça de carros importados nos últimos três anos, o que desequilibrou a balança comercial – mais carros (a maioria de alto valor) começaram a entrar, enquanto as exportações (de carros populares) foram mantidas. No entanto, também necessitamos dos carros modernos, confortáveis,  menos poluentes e com os itens de segurança, para não ficarmos com as “carroças” que deixaram de ser produzidas nos países de origem.

Logo após veio a virada na cotação do dólar em cerca de dez por cento, o que vai encarecer os itens importados. Há tempos a indústria se ressentia da valorização do real como fator negativo para as exportações. Por outro lado, dólar barato estimula importações e viagens para o exterior, mas as importações com dólar barato retêm preços, embora afete a indústria local. No entanto, oscilações tão bruscas desorganizam as empresas devedoras em dólar.

O momento é delicado e exige da parte da população esforço para o consumo consciente, eliminando o supérfluo e reduzindo a procura dos produtos e serviços cujos preços se elevem de forma excessiva. Na economia globalizada, a cada dia surge uma nova conjuntura lançando novos desafios. O Estado tem como uma de suas funções preservar a sua população e seus negócios das interferências externas, no entanto, quanto mais intervém, mais complicações pode criar. O IPI mais alto para veículos importados pode incentivar investimentos, mas também pode transferir produção para países da América Latina cujos acordos permitem menor carga de impostos.

São muitos os aspectos que exigem permanente atenção e muito cuidado da parte do Executivo para evitar intervenções danosas que possam provocar efeitos negativos como a redução da produção, descontrole de preços, ou desarranjo nas contas públicas, exigindo aumento do endividamento e manutenção de elevadas taxas de juros.

Por outro lado, há a expectativa de que o mercado interno continue se expandindo e atraindo investimentos para o setor produtivo, gerando expansão de empregos qualificados, mas aí esbarramos nas crônicas deficiências na educação. Felizmente, a Internet oferece uma nova oportunidade à população para o autoaprendizado. Urge que as novas gerações sejam orientadas para aprender a aprender. Para isso é fundamental a boa alfabetização, complementada com a capacitação para a leitura profunda com compreensão, entendimento e aproveitamento dos temas estudados.

Diante das limitações impostas pela globalização e concentração do poder, desejamos a construção de um Brasil humano, como tem sido esperado há décadas. Para isso necessitamos de boa integração entre governo, mercado financeiro e empresários, promovendo-se paralelamente um esforço para ajustar a educação a esse objetivo, substituindo o arcaico sistema de ensino baseado na memorização, por outro que capacite as novas gerações para a compreensão e a busca de soluções com discernimento, com respeito e consideração pelo próximo e pelo meio ambiente. Queremos gerações aptas a desenvolver o seu potencial criativo. Que tenham capacitação para uma convivência pacífica e qualidades para enfrentar os grandes desafios da vida, sem transformar o planeta num deserto inóspito e desumano. Os resultados surgirão diretamente relacionados com a sinceridade de propósitos de todos os envolvidos.




Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini e é associado ao Rotary Club de São Paulo. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012...e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens” ,“A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin - Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7
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