SÃO PAULO – O médico assistente do Instituto do Coração e cardiologista do Hospital e Maternidade São Camilo (unidade Santana), Paulo Chizzola, alerta para os riscos da mudança brusca de temperatura, relacionada ao ar-condicionado nas empresas.
"O ar-condicionado retira a umidade do ambiente e resseca as mucosas nasais, causando congestão nasal. Além disso, faz com que o indivíduo perca a barreira imunológica física contra bactérias, vírus e fungos."
A variação repentina e brusca de temperatura é tão problemática que a época em que os prontos-socorros são mais procurados é justamente no início do inverno, por conta das doenças respiratórias causadas pela mudança de estação, segundo o médico, que era coordenador do pronto-socorro do Hospital e Maternidade São Camilo.
Outra grave complicação: os infartos estão quase sempre relacionados a mudanças de temperatura, de acordo com Chizzola. Se a pessoa já tem um problema no coração, mesmo que não identificado, e não costuma praticar atividades físicas, pode sofrer um ataque cardíaco, por conta do consumo maior de oxigênio e da exigência mais intensa do organismo. "Há um aumento da requisição metabólica e do gasto calórico."
Ar-condicionado dissemina vírus
Na opinião do médico, a questão central é a arquitetura brasileira, que não aproveita os benefícios do clima tropical e copia padrões da arquitetura do hemisfério norte. Assim, os prédios comerciais não aproveitam as radiações solares e são pouco ventilados. O uso do ar-condicionado é inevitável.
E não é só: se a manutenção e a limpeza dos tubos e do sistema de refrigeração forem precárias, a probabilidade de criação de mofos e fungos é alta. Isso sem falar da concentração de poluentes que "entopem o nariz", como os profissionais que trabalham em ambientes fechados costumam dizer. Outra consequência imediata é a disseminação de vírus endêmicos, como o da gripe.
A conclusão é que o problema do ar-condicionado não é o frio em si, mas a necessidade de conviver com as mudanças bruscas de temperatura ocasionadas pelo equipamento. "Se não há muita variação de temperatura e o profissional permanece durante muito tempo em um lugar frio, o organismo se adapta", garante.
Ambiente muito quente também é problema
O ambiente quente também é problemático, por conta da desidratação. Assim como a mudança brusca de temperatura, a convivência em um lugar quente causa infecções respiratórias e ressecamento das mucosas. A desidratação causa, inclusive, insuficiência cardíaca. "Se o indivíduo não se protege contra o calor e o frio, pode sofrer ataque cardíaco fatal", avisa Chizzola.
De acordo com o neurologista do Hospital e Maternidade São Camilo, unidade da Pompéia, Denis Bichuetti, o calor em excesso também provoca dor de cabeça e a consequente falta de concentração no dia-a-dia do trabalho. Não é à toa que as pessoas têm dificuldade de produzir bastante quando estão em ambientes quentes.
Dica para lidar com o clima quente e o frio
Em primeiro lugar, se o local de trabalho é quente, hidrate-se ao máximo. Já se o ar-condicionado deixa o ambiente frio, enquanto, na hora do almoço e após sair do trabalho, você se depara com o calor, use uma blusa ao sair do escritório, mesmo que não esteja com tanto frio. Fazendo isso, estará se protegendo contra uma possível pneumonia ou gripe. E leve sempre o guarda-chuva.
Para o médico, o brasileiro precisa desenvolver o hábito de conferir as previsões meteorológicas antes de sair de casa e se preparar para o dia.
Fonte:
UOL