Há milhares de anos, uma civilização tida como avançada, com grande desenvolvimento científico e tecnológico, que lhe permitia até manipular as forças da natureza, teria desaparecido completamente ao ser tragada pelas águas do Oceano Atlântico. O nome da cidade era Atlântida e, segundo a lenda, seus governantes, ávidos por obter cada vez mais poder, abusaram dessa condição de superioridade em relação às demais nações e passaram a agredir o meio ambiente. Lenda ou não, a história se repete no mundo de hoje, em que cidades inteiras estão sendo destruídas pela fúria da natureza, fruto, na maioria das vezes, de um ataque desordenado aos recursos naturais em prol do desenvolvimento.
Tipos mais comuns de influências no ambiente
Segundo o pesquisador aposentado da Coppe/UFRJ e consultor da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Gilberto Alves da Silva, "a deterioração ambiental não é uma consequência inevitável do progresso humano, e sim uma característica de certos modelos de crescimento econômico, que são intrinsecamente insustentáveis em termos ecológicos, assim como desiguais e injustos em termos sociais". Mas a introdução de novas tecnologias, com todos os seus efeitos e influências, positivas ou negativas, geralmente é uma decisão do setor produtivo, que não é discutida e nem planejada pela sociedade. As alterações ambientais e comportamentais resultantes são de tal magnitude e, às vezes, tão inesperadas, que a sociedade tem tido dificuldades em acompanhá-las. O mundo moderno, com sua tecnologia avançada, cada vez mais se vê ameaçado pelas alterações decorrentes dos avanços produzidos pelo homem, o que vem se tornando um sério problema – e cuja tendência é se agravar para as gerações futuras.
Perda da biodiversidade
A aceleração da taxa de extinção de espécies é um grave e irreversível problema global causado pelos danos às
reservas florestais. As previsões das taxas de extinção variam enormemente e, segundo alguns autores, chegarão a 20% a 50% de todas as espécies existentes até o final do século, essencialmente, pela destruição do habitat nos trópicos.
As taxas atuais de extinção nos países desenvolvidos são baixas em comparação com as das florestas tropicais. Isto se deve à menor diversidade natural existente nestes países e, em grande parte, à degradação já causada anteriormente por pressões da industrialização ou como consequência das guerras que envolveram continentes inteiros. Os países ricos não possuem mais superfícies significativas de ecossistemas pouco alterados.
A situação, no entanto, não é exclusiva dos países europeus. Segundo uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), coordenada pelo cientista Gonçalo Ferraz, em aproximadamente 15 anos, as Reservas Experimentais com até 100 hectares perderão metade do número de espécies de pássaros existentes. "Em locais com até 10 hectares, metade do número inicial de espécies de aves desaparece, em cerca de quatro anos e no de um hectare leva menos de dois anos. Caso os dados sejam comparados com o de mata contínua, o fragmento tem muito menos espécies. Além disso, as aves estudadas, por exemplo, o uirapuru e o papa-formiga de topete, necessitam de grandes áreas para viverem ou têm requerimentos ambientais específicos", afirma Gonçalo Ferraz.
Fonte:
Revista Geográfica