Em contrapartida a certo ceticismo que se observa quanto às perspectivas de o Brasil seguir enfrentando com sucesso a crise internacional, um dos mais reconhecidos economistas mundiais, Dani Rodrik, professor da Universidade Harvard (EUA), salienta nossa capacidade de crescer 5% ao ano, a despeito do cenário de baixa expansão que deverá permear a economia global ainda por longo tempo.
O mestre não ignora as dificuldades advindas da estagnação nos países desenvolvidos e da desaceleração chinesa. Mas demonstra conhecer as virtudes brasileiras para superar adversidades: contas públicas equilibradas, democracia consolidada e mercado interno pujante.
Brasil, Índia e Coreia do Sul, na visão do economista, são os países que têm melhor potencial para enfrentar problemas da economia.
Somam-se a essas condições estruturais, na visão do professor Rodrik, o impacto positivo das medidas anticíclicas adotadas pelo governo, como a redução de tributos para alguns setores e o reequilíbrio de duas variáveis macroeconômicas fundamentais – juros e câmbio, que têm contribuído para manter o nível de atividade em patamares razoáveis.
Também concordo com Dani Rodrik quanto à importância da ação do BNDES. Ele, que palestrou em seminário comemorativo dos 60 anos da instituição, salientou o quanto são significativos os financiamentos de longo prazo disponibilizados pelo banco para o investimento da indústria, do setor de infraestrutura e de outros segmentos de nossa economia.
O diagnóstico feito pelo economista reflete algumas políticas públicas implantadas com eficácia pelo Brasil nas duas últimas décadas.
E ainda temos numerosos pontos positivos não abordados pelo professor. A disponibilidade de água potável, por exemplo, fator fundamental para a vida e um bem humano cada vez mais escasso.
As reservas de água doce do Brasil somam 12% das do planeta, o dobro das chinesas e cerca de duas vezes e meia das americanas. Quando levamos em conta as populações – a chinesa equivalente a 19% da mundial, a dos EUA, cerca de 4%, e a do Brasil, de pouco menos de 3% – vemos que nossa disponibilidade
per capita de água é 12 vezes maior que a chinesa e quase quatro vezes maior que a americana.
Esse e outros fatores altamente favoráveis ao Brasil, e que abordaremos em próximas colunas, dão a dimensão e a força de nosso país.
Se economistas da envergadura de Dani Rodrik expressam sua confiança no Brasil, será que não deveríamos compartilhar tal sentimento, trabalhando com mais força e otimismo para, de fato, continuar crescendo?
Fonte:
Folha de S.Paulo