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ORDEM, PROGRESSO E HARMONIA

Benedicto Ismael C. Dutra
17/09/2012



Solitárias e isoladas as pessoas se sentem como um pequeno fragmento na multidão. Não se sentem mais como parte de um todo em busca de um objetivo comum de melhora geral das condições de vida. Para que haja progresso a direção a seguir deveria ser a motivação e a aglutinação de vontades em torno do ideal de buscar a continuada melhora, incluindo-se a saúde, a educação, a sustentabilidade econômica e a utilização dos recursos naturais de forma sábia, sem destruir a “galinha dos ovos de ouro” da natureza.

A Europa com sua crise está se encaminhando para a direção oposta à do sentido da vida, ao retirar de toda uma geração de jovens a possibilidade de utilização de suas capacitações para o autoaprimoramento. A austeridade imposta para reforçar a sobra de dinheiro para o resgate de dívidas poderá levar a desagradáveis consequências.

O dinheiro é poder, e o poder pode constituir-se num fim em si. Na medida em que as pessoas o desejam, se dispõem a fazer qualquer coisa para obtê-lo. Com a crescente influência e seu poder colocado como alvo prioritário em prejuízo de tudo o mais, o dinheiro acaba governando a vida das pessoas com uma força sem precedentes. A ânsia pelo ganho e, mais ainda pelo ganho fácil, acaba penetrando de forma dominadora em tudo, inclusive nos administradores públicos. Como no dizer de George Soros, em A Crise do Capitalismo Global, isso tinha de levar à busca do ganho até as últimas consequências, de forma perigosa, por deixar de lado outras considerações, pois o sucesso passou a ser medido em termos monetários. Os valores monetários usurparam o papel dos valores intrínsecos, e os mercados passaram a dominar esferas da existência às quais não pertencem exatamente. Direito e medicina, política, educação, ciência, artes e mesmo os relacionamentos pessoais – realizações ou qualidades que deveriam ser valorizadas em si são convertidas em termos monetários; são julgadas pelo dinheiro que geram, em vez de por seu mérito intrínseco.

O nível de empregos na Europa já vinha sendo reduzido quando a competição levou ao processo de fusões e transferência de produção para outras regiões. É aí que se revelam as deficiências do sistema econômico voltado para a globalização e movimentação dos capitais em busca dos melhores resultados, pois embora surjam muitas vantagens em termos de redução de custos e lucratividade, socialmente se paga um preço muito alto em cada país cuja produção interna fica inviabilizada. E se, além disso, os Estados tiverem atingido uma situação de insolvência tendo de conter os gastos, será como o aproximar-se do pior dos mundos para a geração que estiver adentrando no mercado de trabalho, pois os objetivos sociais, como a geração de empregos, ficam relegados a plano secundário.

A tônica do mercado tem sido a fragmentação. Cada um para o seu lado com os seus problemas, sem tempo para reflexões mais profundas. Solitárias e isoladas as pessoas se sentem como um pequeno fragmento na multidão. Não se sentem mais como parte de um todo em busca de um objetivo comum de melhora geral das condições de vida. Para que haja progresso a direção a seguir deveria ser a motivação e a aglutinação de vontades em torno do ideal de buscar a continuada melhora, incluindo-se a saúde, a educação, a sustentabilidade econômica e a utilização dos recursos naturais de forma sábia, sem destruir a “galinha dos ovos de ouro” da natureza.

No Brasil, em solenidade da inauguração da Plataforma P.59, na Bahia, a presidente Dilma Rousseff afirmou “que a crise internacional será uma oportunidade para o Brasil crescer e produzir. O Brasil está em outro caminho, o nosso caminho não é igual ao deles”, disse. Em seu discurso, ela lembrou que o Brasil atualmente “reparte o bolo”, enquanto os países europeus vivem uma realidade de desemprego, corte de salários e de benefícios dos trabalhadores… Tem países europeus com taxa de desemprego de 25%. O nosso caminho não é caminho de tirar o direito de trabalhadores, o nosso caminho é outro… O meu governo está atento a isso para que, diante dessa situação internacional, o desempenho seja o melhor possível, aproveitando oportunidades. O Brasil se transformará em uma das maiores nações do mundo…  Mesmo com o acirramento da crise financeira internacional, o País é composto de pessoas alegres e felizes e está conseguindo construir o seu caminho ao longo do século XXI e se transformando em uma das maiores nações do mundo. Eu tenho imensa confiança na capacidade do meu povo de enfrentar desafios e encontrar soluções…  Isso é um imenso orgulho mas, sobretudo, uma promessa de futuro, o que tem aqui não é só aço, sistema computadorizado, aqui está um caminho de futuro, o fato é que vamos continuar gerando emprego e renda para a população brasileira.”

De fato são palavras arrebatadoras para todos que esperam um futuro melhor para o Brasil e sua gente. No entanto, para a viabilização desse projeto com autonomia e sustentabilidade econômica temos de fazer com que a redução dos encargos com juros reverta em melhorias gerais. Temos de tomar todos os cuidados para não cair novamente na grande cilada que leva os países a se endividarem em proporções alarmantes do PIB, ficando na dependência do mercado financeiro. E, para o bom êxito, temos de contar com a participação de todos, possibilitando às novas gerações o adequado preparo e oportunidades, para que desenvolvam as suas forças espirituais a fim de adquirir o necessário para a vida, motivando e aglutinando as vontades individuais em torno do ideal de transformar o Brasil num país digno da espécie humana, com ordem, progresso e harmonia.

Publicado em O Gerente.



Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini e é associado ao Rotary Club de São Paulo. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012...e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens” ,“A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin - Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7
Comentários:


Edson da Cruz Maria (ed_maria@ig.com.br) comentou em 23/09/2012 - 06:09:22

Srº Benedicto gostei do Ordem, Progresso e Harmonia, sera tema para iniciar o debate: o que o aluno quer aprender. Partindo do educando sua opinião pessoal tendo este artigo como um dentro outros para reflexão, obrigado vem mesmo a calhar e traz a questão do mês da Independência do Brasil em foco.

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