O milionário Paul Getty cunhou uma frase célebre, anos atrás: “o melhor negócio do mundo é uma empresa de petróleo bem administrada, o segundo melhor negócio do mundo é uma empresa de petróleo mal administrada”.
Situada na segunda hipótese, a Petrobras desmentiu Getty, no segundo trimestre deste ano, com um prejuízo de R$ 1,3 bilhão.
Antes de mais nada, é preciso defender a Petrobras, criada em 1953. Sua fundação foi uma iniciativa de Getúlio Vargas contra o domínio das "sete irmãs", companhias de petróleo que controlavam o mundo pagando preços irrisórios aos produtores.
O projeto original não previa o monopólio, o que resultou de uma emenda da UDN, partido de oposição.
A nova empresa foi capitalizada com a contribuição compulsória de quem abastecia o carro, convertida em ações.
Em 1961, um geólogo americano contratado para pesquisar o potencial petrolífero do Brasil foi execrado ao apresentar o relatório Link, com dados pessimistas sobre reservas em terra.
De fato, o petróleo estava no mar. Em 1968 surgiu a primeira grande bacia petrolífera na região de Campos.
Em 2007 entrava em cena o pré-sal, na bacia de Santos.
A partir daí a Petrobras mostrou como a influência política consegue reverter o quadro favorável, após a maior capitalização da história, de US$ 72,8 bilhões em 2010: a partir de algumas decisões, instalou-se a desconfiança e o preço das ações foi para o ralo, apesar de os quatro poços do campo gigante de Lula estarem produzindo 50% a mais que o previsto, graças à tecnologia de águas profundas desenvolvida pela empresa.
Para tudo dar errado, o governo tem a receita: não aumentar o preço dos combustíveis no posto, para disfarçar a inflação; forçar a indústria nacional a fornecer desde já equipamentos que não tem como produzir, só no longo prazo; inventar refinarias em locais inadequados, com sócios duvidosos; aparelhar a empresa com funcionários em excesso, sem qualificação; alterar o sistema de concessões, participando de toda a produção e não definir a forma de distribuição de royalties.
A solução para a Petrobras está nas mãos de uma presidente corajosa, que assumiu em fevereiro: a engenheira química Maria das Graças Foster. Se ela pudesse falar sobre o estado em que encontrou a Petrobras, o Brasil inteiro iria morrer de vergonha alheia.
Fonte:
PubliMetro