O ombro pode sediar uma variedade de lesões e desvios posturais, como as assimetrias, projeções e enrolamentos ou rotações.
Trata-se de uma das articulações mais móveis do corpo e, consequentemente, uma das menos estáveis, que permite movimentos nos três planos ou linhas fixas de referência.
Várias são as causas que concorrem para os distúrbios do ombro e da postura de maneira geral, entre as quais: hábitos errados de postura; hereditariedade; traumatismos; doenças inflamatórias; debilidade muscular; estresse; desnutrição; sedentarismo; obesidade, processo de envelhecimento.
Nos dias atuais, afecções nas costas, ombros, quadris e joelhos atingem grande parte da população, limitando, em muitos casos, a vida pessoal e profissional dos indivíduos.
De acordo com Braccialli e Vilarta apud Weeks (1989), os músculos esqueléticos dos vertebrados apresentam uma extraordinária capacidade de se adaptarem às condições extrínsecas. Modificações no perfil molecular e estrutural das fibras musculares ocorrem de acordo com a alteração na demanda funcional, portanto, a propriedade de um músculo se altera conforme o aumento ou decréscimo da atividade muscular.
“Avaliações antropométricas, psicomotoras e posturais simplificadas deveriam constar como parte integrante do planejamento de qualquer instituição de ensino. Comprovadamente, tais avaliações mostram ser eficientes, seguras e de baixo custo na detecção e intervenção precoce de futuras afecções posturais e no acompanhamento do desenvolvimento e maturação da criança e do adolescente.” (BRACCIALLI; VILARTA, 2000).
Assim, torna-se de fundamental importância o estudo aprofundado na detecção das causas, sinais e sintomas dos desvios posturais para a elaboração de programas preventivos de conscientização e melhoria ou de correção.
Vista Anterior das Estruturas Articulares do Ombro
O ombro é uma articulação do tipo esferóide, formado pela cabeça do úmero que se articula com a cavidade glenoidal da escápula. A escápula se divide em três regiões principais – o corpo, o acrômio e a glenóide. Através destas regiões anatômicas se formam as articulações do ombro: glenoumeral (o úmero se articula com a glenóide), acromioclavicular (clavícula com o acrômio) e escapulotorácica (corpo da escápula com o tórax), funcionando sincronicamente, podendo assim mover-se em seu grau de liberdade, formando uma articulação triaxial.(VOLPON, 1996)
A grande massa muscular e poucas conexões articulares com o esqueleto axial confere à região grande amplitude e variação de movimento, permitindo avançado grau de mobilidade e, consequentemente, menos estabilidade, com movimento nos três planos ou linhas fixas de referência.
Sendo a articulação mais móvel do corpo humano, o ombro realiza movimentos de abdução, adução, flexão, extensão, rotação interna, rotação externa, abdução horizontal, adução horizontal.
Ombros anteriorizados, assimétricos e rotações interna e externa são os desvios comumente encontrados na maioria da população nesta articulação. As causas são variadas, mas CAILLIET (2000) comprovou a influência no posicionamento das escápulas, região dorsal e projeção da cabeça a frente na influência de ombros arredondados.
Além da escoliose, músculos enfraquecidos e retraídos, patologias também influenciam, principalmente em assimetrias de ombros.
A avaliação postural tem como finalidade prevenir e, possivelmente corrigir alterações posturais existentes através de tratamentos fisioterápicos, psicológicos, físicos. Consiste em registrar, através de fotografias, análise visual, tato, raio X, os desvios posturais ou atitudes posturais erradas dos indivíduos.
Pode-se afirmar que através de avaliação, conhecimento etiológico, exercícios específicos, liberação respiratória e acompanhamento multidisciplinar é possível atingir o reequilíbrio do tônus postural e a realização eficaz, harmônica e segura de quaisquer movimentos.
Desta maneira, é possível oferecer meios mais seguros para a proposição de medidas preventivas, uma vez que problemas relacionados à postura contribuem negativamente na vida pessoal, chegando a limitar ou interromper a vida profissional de muitos indivíduos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRACCIALLI, L.M.P; VILARTA, R. Aspectos a serem considerados na elaboração de programas de prevenção e orientação de problemas posturais.Rev. Paul. Educ. Fís., São Paulo, 14(2): 159-71, jul./dez.2000.
CAILLIET, R. Dor no ombro. 3ª. Edição, Ed. Artmed, 125-134, 2000.
CHARRO, M., CALHEIROS, R., MARCHETTI, P. Biomecânica aplicada: uma abordagem para o treinamento de força. Ed. Phorte, São Paulo, 2007.
HALL, S.J. Biomecânica Básica. 3ª. Edição, Ed. Guanabara Koogan, S.A., 2000, 134-149.
PETERSON, L.; RENSTROM, P. Lesões do Esporte: Prevenção e Tratamento. 3ª. Edição, Ed. Manole, 2002, 111-156.
VOLPON, J.B. Semiologia Ortopédica. Medicia, Ribeirão Preto, 29:67-79, jan./mar. 1996.