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O IMPÉRIO, A REPÚBLICA, O FUTURO

Benedicto Ismael C. Dutra
12/12/2012



No turbilhão dos acontecimentos, quem ainda quer saber das coisas do passado, coisas que aconteceram há mais de cem anos como a proclamação da República do Brasil? No entanto, conhecer a história nos capacita a compreender muitas coisas, percebendo onde as linhas se entortaram gerando consequências negativas para os dias atuais.

A Proclamação da República Brasileira foi um ato de levante político-militar, ocorrido em 15 de novembro de 1889 que destituiu a Imperador Dom Pedro II, ele que havia contornado poderosos interesses, consolidando uma nação politicamente independente. Por que D. Pedro II foi destituído? Quais os fatores que levaram o exército a derrubar a monarquia?

Os banqueiros ingleses se aproveitaram bem da oportunidade, pois em função das elevadas despesas com a guerra do Paraguai, o Império elevou a sua dívida externa para cerca de 20 milhões de libras esterlinas. O Império perdeu o apoio da elite econômica que se opunha à abolição da escravatura, ocorrida em 1888, sem que houvesse indenização aos proprietários de escravos. Havia também uma divergência com interesses da Igreja Católica, cujo apoio era essencial para a conservação do poder imperial. O país se mantinha estagnado, dependente das exportações de açúcar e café. Não havia um sistema de ensino básico e a população permanecia analfabeta e inculta.

Para cultivar café, os fazendeiros haviam destruído totalmente a cobertura de mata atlântica em extensas áreas do Rio de Janeiro e explorado o solo de forma intensiva, dilapidando a sua fertilidade. Levavam uma vida faustosa com luxo e desperdícios. Com o surgimento de concorrência e crises no mercado externo, passaram a contrair empréstimos bancários para sustentar o luxo. Com a queda nas vendas começou a faltar recursos para pagar os empréstimos… e veio a decadência.

Com a libertação dos escravos e a estagnação da lavoura cafeeira, a população ficou sem rumo indo, muitos, alojar-se no Rio de Janeiro, em moradias precárias, refugiando‑se mais tarde nos morros.

A telenovela Lado a Lado, em exibição pela Rede Globo, escrita por João Ximenes Braga e Claudia Lage, apresenta uma visão do Brasil no período entre os séculos XIX e XX focalizando o início da República, tumultuada pela desorganização social decorrente da desordenada saída do sistema escravocrata. Essa é uma parte forte da estória por mostrar as precárias bases e falta de maior atenção no preparo da população brasileira.

No final do século XVIII, tinham início os primeiros assentamentos chamados de "bairros africanos". Estes eram os lugares onde ex-escravos sem terras e sem opções de trabalho iam morar. A falta de uma política pública habitacional e a eliminação dos cortiços propiciou o surgimento das moradias inadequadas nos morros (favelas), separando os letrados que podiam estudar e os analfabetos, precariedade que vem se arrastando por longo período, mas que precisa ser eliminada com eficiência para que o Brasil possa cumprir o papel que lhe cabe neste conturbado momento da civilização.

Com a decretação da Lei Áurea, em 1888, e ao deixar de indenizar esses grandes proprietários rurais, o império perdeu o apoio dos ex-proprietários de escravos, como sua "vingança" contra a monarquia. A adesão dos ex-proprietários de escravos, à causa republicana evidencia o quanto o regime imperial estava atrelado à escravatura. Assim, logo após a princesa Isabel ter assinado a Lei Áurea, João Mauricio Wanderley, Barão de Cotegipe, o único senador do império que votou contra o projeto de abolição da escravatura, profetizou: “A senhora acabou de redimir uma raça e perder um trono!”.

Desde sempre o Brasil se caracterizou pela forma amistosa e alegre de sua gente. Os índios, aqui existentes na época do descobrimento, não conheciam a inveja nem a desconfiança. Por isso caíam ingenuamente nos engodos do conquistador branco. Com alegria festejaram a chegada dos brancos, estes porém, trouxeram consigo a cobiça, vícios e o germe da destruição. Sedentos do ouro violentaram as mulheres e escravizaram os homens. Depois trouxeram os africanos para o trabalho escravo. A região que era considerada a terra da felicidade, e que deveria evoluir com a chegada do homem branco, contraiu uma pesada dívida espiritual atraindo decadência, sofrimento e miséria.

Temos de reparar os males do passado criando aqui uma região de paz, progresso e harmonia. Temos de ser uma fonte inspiradora para aqueles que não se submetem mais à intelectualidade fria e sem coração e procuram uma região onde possam construir um lar humano em paz.



Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini e é associado ao Rotary Club de São Paulo. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012...e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens” ,“A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin - Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7
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