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CHINA FÁBRICA DO MUNDO

Ana Santa Cruz
23/08/2013



Em 10 anos país vai produzir mais que toda Europa

Na zona industrial de Xangai, prédios de indústrias de ponta recém-erguidos se espalham até onde a vista alcança. Por lá, a americana Intel fabrica chips, a japonesa Matsushita produz telas de cristal líquido, a francesa Alcatel, de aparelhos digitais de conexão de fibra óptica a equipamentos de videoconferência. Não se passa uma semana sem que uma multinacional anuncie planos de produzir na China. Nos últimos três anos, o investimento estrangeiro no país foi de US$ 122,3 bilhões. Outros US$ 86 bilhões são esperados nos próximos dois anos. Eis aí, capturado em pleno curso, o maior fenômeno de deslocamento econômico da história recente, aquele que está transformando o antigo Império do Centro na fábrica do mundo – como já o foram a Inglaterra vitoriana e os Estados Unidos do início do século 20. E, assim como nesses dois casos, a transformação da China (batizada no Japão de choguku shoku, ou o choque chinês) vai forçar acomodações de outros países. Em uma década, a China deverá produzir mais do que toda a Europa.

O primeiro reflexo da expansão chinesa é benéfico para o Brasil. Ao se firmar como produtor de bens de alta tecnologia, a China tem aumentado a importação de produtos primários. No ano passado, as exportações brasileiras para o mercado chinês aumentaram em cerca de 50%. O país saltou de décimo segundo para o sexto lugar na lista de parceiros comerciais do Brasil, comprando itens como soja e minério de ferro. São poucas, porém, as empresas brasileiras que conseguem pegar carona na expansão chinesa. Uma das que fincou pé em território chinês é a Mendes Júnior, que por lá atua na construção de hidrelétricas. Outra que planeja se expandir no imenso mercado é a Embraer. Ela vai participar de feira de empresas brasileiras a ser realizada em Xangai no mês que vem. Melhor seria, porém, que o Brasil imitasse o processo que levou os chineses a atrair investimentos e crescer quase 8% por ano na última década.

O sucesso da China é resultado de política de desenvolvimento que começou a ser implantada há vinte anos. Desde o início da sua abertura econômica, os chineses condicionaram a entrada de capital estrangeiro ao cumprimento de dois requisitos: associação com o capital local e compromisso de exportar. O resultado foi o aprimoramento da indústria local e o aumento do volume de exportações. “Qualquer empresa que tenha base na China está em posição privilegiada, ainda que as vantagens não sejam imediatas”, diz Sérgio Parado, presidente no Brasil da Voith Siemens, joint venture com fábrica em Xangai. O interesse de empresas em construir fábricas em solo chinês tem razões simples. A infraestrutura de transporte e de comunicação tem sido aperfeiçoada, favorecendo a abertura de mais fábricas. A mão-de-obra é abundante e é possível fabricar de tudo, com qualidade e a custo baixo. Por tudo isso, a questão que se coloca hoje para os presidentes de multinacionais não é mais se é necessário fincar pé na China, mas sim quando e como.


Fonte: ISTOÉ Dinheiro



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