RSS
 

ESTOU PENSANDO NO QUE QUEREMOS?

João Augusto Figueiró
11/07/2014



De um modo geral, ser felizes, saudáveis, competentes, realizados, cidadãos, éticos, autorregulados, com elevado senso moral e boa capacidade de reflexão e pensamento, elevada empatia e capacidade de tomarmos decisões adequadas.

Quem é responsável pelo cuidado das crianças na primeira infância? Quais os desafios que se apresentam para a necessidade de criar oportunidades para as novas gerações por meio de práticas de cuidado, proteção e estimulo?

O que pode e deve ser oferecido para estas crianças para que suas vidas sejam mais saudáveis? Como se contrapor as desigualdades de diferentes tipos que não permitem que todas as infâncias tenham as mesmas possibilidades de se desenvolverem? Como os estímulos e necessidades peculiares a esta fase podem ser multiplicados e diversificados de modo a atingir todas as crianças na primeira infância? Como fortalecer os vínculos neste período de extrema vulnerabilidade?

Muito do que somos e podemos ser, é decidido no primeiro ano de vida, no qual não pode faltar alimento, interação social, estimulo adequado e amor. O cuidado, ou sua ausência, deixa marcas nas crianças prematuramente e determina a sua vida. Neste sentido é fundamental não tratar este assunto como algo meramente doméstico e definir o lugar real que cada sociedade atribui à infância e a necessidade de explicitá-lo, de pensar as intervenções, colocando no centro das análises as noções de Estado e Cidadania, assim como de Estado e Infância. Cada época cria sua própria infância, ou seja, maneiras de ver e entender os novos seres que ingressam na sociedade. As intervenções e as formas de criar e cuidar nos primeiros anos de vida requerem mais do que modelos e padrões pré-determinados. Necessitam, principalmente, de adultos atentos e dispostos a oferecer as melhores oportunidades para todos desenvolverem-se rumo a sua plenitude e felicidade.

Estou quase sempre pensando na mesma coisa, ou seja, como podemos viabilizar, promover, fomentar, colaborar na construção de uma cultura e sociedade mais focada nos temas realmente relevantes para o bem estar da maioria e para o bem comum. Eu acredito firmemente que esta mudança de cultura poderá vir a partir de investimentos na primeira infância - sérios, contínuos e cientificamente bem sustentados em evidencias. Virá da mudança de paradigmas, de inovações que integrem o social e as novas tecnologias, principalmente as de comunicação. As vozes divergentes são muito bem-vindas, pois preciso aprender com elas.



Médico e psicoterapeuta do Hospital das Clinicas da FMUSP. Trabalhou ativamente na implantação das atividades da Universidade da Paz – ONU (www.upeace.org) em São Paulo e na construção da Rede Gandhi – uma parceria do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde, Unesco e Associacao Palas Athena. É membro fundador, presidente e diretor científico do Instituto Zero a Seis – Primeira Infância e Cultura de Paz (www.zeroaseis.org).
Enviar um Comentário:

Nome:
Email:
  Publicar meu email
Comentário:
Digite o texto que
aparece na imagem:

Vida e Aprendizado 2011.
Reproduçao total ou parcial do conteúdo deste site deverá mencionar a fonte.