RSS
 

A OMISSÃO NÃO É UMA OPÇÃO SUSTENTÁVEL

Aron Zylberman
16/09/2014



Já somos sete bilhões de pessoas no planeta. Uma pergunta que frequentemente atormenta aqueles que acreditam que todos os seres humanos têm direito a uma vida minimamente decente é: como prover para todos acesso a alimentação, vestuário, moradia, transporte, segurança, educação, saúde, trabalho, lazer, cultura, enfim tudo aquilo que permite uma boa vida, uma vida ética?

Existe algum sistema socioeconômico capaz de dar resposta a essas demandas? Existem recursos econômicos e tecnologias que permitam que todos vivam decentemente?

Hoje já somos sete bilhões de pessoas. As projeções dos demógrafos apontam para oito bilhões em 2030 e nove bilhões em 2050. No conceito de sustentabilidade está implícita a nossa responsabilidade para com as gerações futuras. Ou seja, se os nove bilhões vão viver bem, ou mal, é nossa responsabilidade.

O Artigo 225 da Constituição Brasileira diz o seguinte: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”

Grifei deliberadamente a palavra coletividade para destacar que estamos todos obrigados, pela lei maior, a cuidar das presentes e futuras gerações.

Como pais e mães já fazemos isso, nos preocupamos com o futuro dos nossos filhos e netos, o problema é que não o fazemos com a cautela devida, na medida em que não conseguimos responder à pergunta formulada acima. Se não formos capazes de construir uma sociedade que atenda a todos, é possível e provável que ninguém seja adequadamente atendido.

Tenho pensado muito no por que pessoas inteligentes e bem informadas não parecem dar muita importância para o tema. Aparentemente, o aquecimento global, a diminuição dos recursos naturais não renováveis, a fome de milhões de pessoas e o crescimento da população não são problemas que devam ser enfrentados por todos.

Mesmo sem ter uma adequada formação acadêmica, nesse tema, vou atrever-me a levantar duas hipóteses:

(1ª) Mecanismo de Negação: boa parte das pessoas bem informadas está em um processo de negação psicológica - os problemas são tão grandes, de solução tão difícil, que é melhor ignorá-los. Alguém, no momento certo, dará uma resposta adequada. Sempre foi assim e sempre será assim. Esse catastrofismo não tem fundamento científico.

(2ª) A diferença entre risco e incerteza: fomos razoavelmente bem treinados a lidar com o risco. A probabilidade de um determinado evento acontecer, nos leva a fazer seguros dos nossos carros, porque entendemos que existe uma probabilidade calculada de que nossos veículos sejam furtados ou envolvidos em alguma colisão. Esse mesmo conceito orienta investimentos financeiros. Para que haja avaliação de risco precisamos de história.

Incerteza é algo muito diferente. Não podemos calcular probabilidades associadas a incertezas por uma razão muito simples: estamos tratando de eventos que nunca ocorreram antes, ou seja, não temos uma série histórica de dados que nos permita calcular a probabilidade daquele evento ocorrer. Isso é muito claro quando falamos de mudanças climáticas. A incerteza é enorme, mas não temos como calcular as probabilidades associadas aos riscos.

A incerteza alimenta a negação. O ceticismo também se nutre da incerteza. O princípio da precaução é abandonado, por que não é bom para os resultados de curto prazo.

Tomamos decisões que provavelmente prejudicarão muito os nossos filhos e netos, movidos pela nossa incapacidade de romper com falsas verdades que construíram um mundo, onde mais de um bilhão de pessoas vivem na miséria.

A boa notícia é que a humanidade dispõe de recursos econômicos e tecnológicos suficientes para resolver a maior parte dos problemas conhecidos. O desenvolvimento científico e tecnológico, com toda a certeza, produzirá maravilhas capazes de resolver o problema da produção de energia limpa e abundante para todos. Resolvido o problema da produção de energia limpa, todos os outros problemas serão resolvidos com muito maior facilidade.

Resta outra questão muito mais complexa. Quem serão os atores das mudanças necessárias? Quem serão os líderes empresariais e políticos que conduzirão esse processo de construção de uma organização economicamente viável, socialmente justa e ambientalmente equilibrada?

Nas empresas e nas organizações sociais, de todos os portes, estão esses atores. Todos nós temos um papel a desempenhar. Ignorar o problema é um caminho certo para a destruição do futuro dos nossos filhos e netos.

A omissão definitivamente não é uma opção sustentável.




Enviar um Comentário:

Nome:
Email:
  Publicar meu email
Comentário:
Digite o texto que
aparece na imagem:

Vida e Aprendizado 2011.
Reproduçao total ou parcial do conteúdo deste site deverá mencionar a fonte.