José Aldo, nascido no ano de 1986 em Manaus, foi mais um menino cujo pai se embriagava e espancava a mãe como forma de reagir às frustrações, nada mais que um ser indolente sem coragem e energia para se opor à correnteza derrotista. O que de bom restava no coração de José Aldo devia-se à dedicação de sua mãe.
O filme é bem feito, tem bom ritmo, mas apresenta um feio e triste retrato do Brasil, com moradias precárias, sem oportunidades para que as pessoas tenham educação e trabalho, cujos governantes não se preocuparam com o fortalecimento da qualidade humana, praticamente desde sempre, pois o país tinha regime escravocrata de trabalho e, quando houve a libertação, no ano de 1988, logo as elites se apressaram em dar um golpe, banindo D. Pedro II e instalando uma precária república sem futuro.
A falta de preparo das novas gerações é um problema que poucas vezes mereceu a atenção das autoridades; em consequência, deixamos de formar gerações fortes, educadas, com bom senso, inteligência com QI normal e boa saúde. Medo e ódio marcam a formação de muitos jovens num cenário de miséria dolorida. Se o ser humano não se cuidar, acaba decaindo fundo, sem cultura, sem objetivos na vida. Alguns se entregam ao vício da bebida e às drogas, perdendo a fibra. A miséria humana vai aumentando.
Com o eu interior apagado, as pessoas não se valorizam, nem são valorizadas, perdem a dignidade, não buscam compreender o significado da vida. Para escapar da vida vazia de sentido precisam fortalecer o eu interior voltado para o bem, o que não se consegue com a pseudocultura de massa que achincalha a nossa espécie humana.
O campeão José Aldo, fruto disso tudo, conseguiu superação, mas são poucas as oportunidades que se oferecem aos jovens que enfrentam problemas familiares e sociais na infância e na adolescência, e que acabam ingressando na marginalidade, matando ou sendo mortos ainda jovens.
O campeão canalizou a revolta que tinha para com as condições de sua vida, para as lutas, um esporte brutal no qual os adversários se arrancam o sangue, que envolve muito dinheiro e interesses econômicos, mas que no século 21 já deveria ter sido banido por formas mais enobrecidas de lazer. Enfim, esse é o mundo em que estamos vivendo, mundo que se encontra no limite crítico na natureza e seus recursos, na economia e nos relacionamentos.