― Que história é essa? Há alguma diferença entre a comunicação masculina e a feminina? Como? E por quê? (separado por ser
interrogação, lembra? E com acento circunflexo por
encerrar uma frase, lembra também?).
― Ora, não é preciso ser nenhum gênio para perceber que homens e mulheres têm formas totalmente distintas de se comunicar. Aliás, há até obras tratando do assunto, tal a sua importância.
Isso tem origem em causas de natureza
cerebral, neurônica, hormonal e comportamental ― entre tantas outras! Tem sido bastante divulgada a informação de que a mulher usa
acentuadamente o hemisfério cerebral direito ― o hemisfério da emoção, da sensibilidade, da intuição e da criatividade, enquanto que o homem privilegia o uso do
hemisfério esquerdo ― o da razão, da lógica, da coerência, das coisas visíveis, tangíveis e prováveis.
A consequência imediata dessa sensível diferença é que a linguagem do homem é mais objetiva, concreta e direta, em oposição à da mulher, mais subjetiva, figurada e indireta. O que ocorre é que a mulher se exprime muito mais
emocionalmente que
racionalmente. Na verdade, ela
“pensa em voz alta”, isto é, vai externando seus sentimentos à medida que pensa.
Já o homem discorre mais
racionalmente, friamente e, separando a emoção da razão, põe-se a analisar cada palavra que profere ou que ouve! O que, de fato ele faz é
“falar dentro do cérebro”, ou seja:
ele fala consigo mesmo!
Para comprovar essa afirmação, basta observar o que ocorre com cada um quando tem um problema a resolver. O homem busca
a solidão e o silêncio. Não quer conversa com ninguém a não ser
― é claro
― consigo mesmo. “Dá uma de tatu”: refugia-se em sua “toca” e fica “ruminando” sozinho sua questão. Não adianta puxar conversa: ele vai responder, se o fizer, com monossílabos inexpressivos...
A mulher (Ah! A mulher!) na mesma situação quer fazer o quê?
Falar, conversar, “discutir a relação”! “Botar pra fora” seus sentimentos, emoções e sensações da maneira que lhe vierem à mente!
Eu estava ministrando um Curso de Comunicação Oral e Redação para um grupo de gerentes da MWM Motores, por ocasião do transcurso de seus 50 anos de atuação no Brasil, quando um dos participantes contou sua experiência:
― “Lá em casa é assim: o ‘nosso’ guarda-roupa tem uma divisão pequena, em que estão minhas roupas, e outra, bem maior, em que estão as de minha mulher. Quando contei a ela que a empresa ia oferecer um jantar para todos os funcionários e seus familiares, adivinhem o que foi que ela disse?”
― “NÃO TENHO ROUPA!” – responderam a uma voz TODAS as participantes femininas!
― “Foi exatamente isso” – confirmou ele, “não consigo entender como ela pode dizer isso, se está com o armário entulhado de roupas!” – concluiu, ainda surpreso.
O que ocorreu foi simplesmente que ele não soube “traduzir” para o
masculinez ― que é a língua oficial do
universo masculino ― o que sua mulher disse em perfeito
femininez, idioma em que ela é fluente!
Não, ela não quis absolutamente dizer que não possuía vestes. Isso foi apenas a forma verbal de ela dizer (é
de ela assim
― separado
― que se deve escrever sempre que o pronome
pessoal do caso reto vier seguido de uma forma verbal no
infinitivo. É que, nesse caso, ele é pronome-sujeito do verbo no infinitivo. Não pode, portanto, vir regido de preposição, pois o
sujeito ― muito “metido a besta”
― não admite preposição antes de si!) que não se sentia suficientemente
segura para se apresentar diante das demais mulheres, esposas, noivas ou namoradas dos colegas dele!
Pode um homem entender tal coisa? Raramente. Ou melhor,
“nuncamente”!
Então por que (separado, por ser pergunta, mas sem acento por não encerrar a frase)
ela não fala claramente isso?
Porque (agora junto por ser resposta) não consegue. Isso é “língua estranha” para ela. É idioma de outro universo, é
masculinez.
Vamos a outro exemplo bem corriqueiro?
O casal está em uma festa conversando tranquilamente quando a mulher diz entre dentes:
― “Olhe quem chegou!!!”
O que ele faz? Olha! E leva um cutucão na costela!
― “Não olhe assim! Não ‘dê bandeira’!”
O que houve de errado?
Mais uma vez ele confundiu o
femininez com o
masculinez! Para os homens
“Olhe” é o imperativo afirmativo do verbo olhar. É uma ordem ou pedido para “voltar os olhos para uma determinada direção”. Para as mulheres não! Para elas
“Olhe” nem é verbo!É apenas uma interjeição, equivalente a
“Caramba!” ou
“Puxa!” ou
“Imagine!” E assim como quando ela diz
“Puxa!”, não é para puxar nada; ou quando ela fala
“Imagine!” não significa que se deva imaginar algo, também quando ela exclama
“Olhe”, não é para olhar coisa alguma!
― pelo menos não diretamente!
― É somente para
ouvir o que ela vai comentar... tomando muito cuidado para não se contaminar com o veneno...!
O mesmo acontece quando, em meio à briga, ela diz furiosa:
― Você
SEMPRE está contra mim! Você
NUNCA me dá razão!
O que ele faz? Leva a sério os advérbios
SEMPRE e
NUNCA! Escarafuncha seu cérebro e procura mostrar-lhe, racionalmente, que numa época assim e assim ele concordou com ela, e reconheceu sua razão! Mas de nada adianta: o “ouvido emocional” dela não ouve a “voz racional” dele.
Se, numa briga mais “séria”, ela diz:
― “Está
TUDO acabado! NUNCA MAIS quero ver você! Para mim VOCÊ MORREU!” ― ele se desespera, “vê a viola em caco”! Tudo terminado! Nunca mais vai vê-la... Aí, alguns dias depois ela liga, convidando-o para uma pizza! E ele pensa:
― Ué! Será que ela acredita em
vida após a morte? Ou será um “remake” de
“Ghost – do outro lado da vida” sem a Demi Moore?! Nada disso. O que acontece é que essas são expressões da
emoção do momento. O homem precisa saber consultar seu “prazo de validade”!
Sempre, nunca, jamais, por toda a vida valem por algum tempo (mais curto do que se imagina) e depois caducam, perdem a validade!
É mais ou menos como certo penteado que precisa ser refeito a cada três ou quatro meses e que elas chamam de
“permanente”!
A linguagem figurada também faz parte também do vocabulário feminino. Mas nenhum homem, por mais desconhecedor que seja do
femininez,vai levar ao pé da letra algumas frases que elas sempre dizem:
“O homem é o Código; a mulher, o Evangelho. O Código corrige; o Evangelho aperfeiçoa.”
O homem, enfim, está colocado onde termina a terra. A mulher, onde começa o céu.”