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ERA DAS RUPTURAS

Benedicto Ismael C. Dutra
17/01/2012



A população começa a se conscientizar de que não basta “pão e circo”. Para que haja crescimento pessoal é indispensável que haja “pão, educação e trabalho”.

Estamos adentrando no ano de 2012 com várias incertezas quanto ao futuro. “Apesar de termos um só planeta, degradamos nosso capital natural numa escala brutal, usando os recursos de um planeta e meio, só para manter o nível atual de consumo. O desequilíbrio se manifesta nos desastres naturais, na escassez dos lençóis freáticos, nos preços dos alimentos que dispararam”, disse o economista Otto Scharmer, (OESP 8/01/2012). Ele, como muitos, também avalia que estamos numa era de ruptura.

O crescimento da população e o advento da produção em massa levaram o planeta para esse ponto de ruptura que agora se manifesta de múltiplas formas, trazendo complicações e novas dificuldades para a existência humana, pois a educação, a economia e o trabalho precisam ser reformatados para que seja organizada uma forma de viver mais humana. Diante do quadro mundial de incertezas e descontentamentos, os líderes precisam oferecer uma visão compartilhada de conquista de um futuro melhor para todos, com o esforço de todos, com saúde, educação e continuada melhoria na qualidade de vida da população.

No mundo atual a depressão está crescendo, pois as pessoas se sentem prisioneiras de barreiras instransponíveis caindo no desânimo. No passado as empresas eram dirigidas geralmente pelos proprietários. Isso deixava patrão e empregados próximos e percebia-se maior participação e interesse, como podemos ver no filme  Milagre em Nova York , no qual a Sra. Merkle, (Doris Roberts)  trabalhando como vendedora de uma loja de departamentos  dirigida pelos proprietários pai e filho, busca resgatar a harmonia entre as pessoas e  o espírito de natal.

Com a necessidade de produzir mais as empresas foram se despersonalizando, passando os  grandes fundos de investimentos a se tornar os detentores do comando, buscando a implantação de rotinas para serem seguidas rigidamente visando o menor custo e o melhor resultado, pois, além do lucro operacional, as ações e o controle acionário passaram a se constituir um ativo financeiro destinado a ser passado adiante com lucro. Os empregados deixaram de saber para quem estavam trabalhando e o salário passou a ser o único vínculo entre o empregado e a empresa.

Já é sabido que a criatividade e as realizações constituem o melhor remédio no combate à depressão, pois com os pensamentos focados nos objetivos e nos meios para que os mesmos sejam alcançados, nem há espaço para que os pensamentos depressivos se instalem no cérebro. No entanto, no mundo áspero que criamos, cercado de rotinas massacrantes, condicionamentos e regulamentos rígidos, as pessoas vão perdendo sua individualidade e iniciativa, caindo na indolência e perda de interesse, passando a viver mecanicamente.

Por outro lado a cultura também foi direcionada para a produção de espetáculos de massa, sem grandes estímulos para reflexões mais profundas. Com educação falha e programação cultural de baixo nível, a população vai perdendo seu conteúdo humano. No entanto, a população começa a se conscientizar de que não basta “pão e circo”. Para que haja crescimento pessoal é indispensável que haja “pão, educação e trabalho”.

Esta é uma era de rupturas porque tudo que desenvolvemos através da civilização e da tecnologia atingiu seus limites críticos, sem ter produzido melhoras no ambiente em que vivemos e na psique humana, encontrando-se agora a humanidade diante de uma séria crise social e ambiental sem descortinar uma via por onde escapar dessa trajetória embrutecedora. Temos de aproveitar as coisas boas que foram conquistadas extirpando as distorções que provocaram o caos no meio ambiente e nas finanças.

Com certeza enfrentaremos tempos difíceis com descontentamentos e penúrias, até que consigamos estabelecer um novo paradigma adequado ao real sentido da vida, e que possibilite o desabrochar da essência humana para formar uma nova civilização.



Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini e é associado ao Rotary Club de São Paulo. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012...e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens” ,“A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin - Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7
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