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O PODER DO DIÁLOGO

Eugenio Mussak
13/03/2013



As pessoas estão perdendo a habilidade para conversar. Será que o diálogo, no mundo atual, perdeu a importância?

O diálogo, a comunicação, a abertura dos corações, merece atenção especial, pois pode ser o remédio para todos os males, uma vez que ele permite a unificação das ideias, dos sentimentos, dos sonhos e também das mágoas, que só podem ser resolvidas se forem trazidas à luz, se se fizerem claras, evidentes. Se se construir uma ponte para ligar almas.

Como o verdadeiro diálogo ocorre?

– A um monólogo com você, prefiro um diálogo comigo mesmo! A frase-desabafo acima pode ser uma piada, ou parte dela, mas contém uma verdade, pois não é incomum que aquilo que parece ser um diálogo – duas pessoas conversando – na verdade seja um discurso unilateral, em que um dos dois fala e o outro apenas ouve. Ainda que isso às vezes seja necessário, não estamos diante de um diálogo.

Saber dialogar é mais que saber falar. Dialogar pressupõe ouvir e analisar, antes de responder. "Dialogar é saber ouvir sem julgar, sem tomar posição imediatamente. É saber respeitar, incluir, usar os filtros mentais adequados. Dialogar é não tomar partido, definir o que está certo ou errado, não excluir aquilo que não faz parte da minha visão pessoal", diz a psicóloga Lamara Bassoli, que é coordenadora da Escola de Diálogo de São Paulo.

Sim, existe uma instituição que se destina a ajudar as pessoas e as empresas (que nada mais são que conjuntos de pessoas) a recuperar a capacidade de dialogar e, a partir disso, promover a "transformação das experiências humanas e a ampliação da consciência", na visão de seus fundadores. (Saiba mais no site: www.escoladedialogo.com.br)

Então é possível aprender a dialogar, a melhorar a capacidade de comunicar-se e de entender o outro? Na Antiguidade, quando a formação dos jovens começou a se tornar uma atividade social da maior importância, o estudo foi dividido em dois capítulos. Um era o das Habilidades Ocupacionais, que procurava dar ao jovem um ofício que lhe permitia ser o que hoje chamaríamos de empreendedor ou técnico.

O outro capítulo, destinado principalmente aos jovens das classes privilegiadas, era composto pelas Artes Liberais, um conjunto de estudos cujo propósito é o de prover os jovens de conhecimentos e habilidades que lhes permitiriam manejar com mais facilidade as necessidades do indivíduo que vive em sociedade e é capaz de usar sua influência para viver feliz produzindo o bem.

As chamadas Artes Liberais estavam divididas em dois capítulos: o Trivium e o Quatrivium. Estes, por sua vez, tinham suas disciplinas. O Trivium era composto por gramática, retórica e dialética. E o Quatrivium se dividia em aritmética, música, geometria e astronomia.

Perceba que o Trivium tinha a finalidade de desenvolver o homem como ser estruturado para a comunicação. A gramática nos ensina a lidar com as palavras, a lógica na construção das frases, a beleza da linguagem. A retórica é a arte do falar, do discurso, da externalização das ideias. Já a dialética pressupõe a contraposição das ideias como meio para elevar o pensamento.

Se olharmos mais de perto veremos que o diálogo é a essência da vida, considerando que a vida é um conjunto de interações. Em seu livro A Segunda Criação, o biólogo inglês Ian Willmut escreve sobre o diálogo como fonte de vida. Diz ele: "Os genes não operam isoladamente. Eles estão em diálogo constante com o resto da célula que, por sua vez, responde a sinais de outras células do corpo que, por sua vez, estão em contato com o ambiente externo. Quando esse diálogo não se processa corretamente, os genes saem de controle, as células crescem desordenadamente, e o resultado é o câncer".

Interessante a visão do geneticista: o câncer é resultado da falta de diálogo. Podemos estar falando do câncer orgânico, mas também do câncer social, das relações, que mata uma amizade, um negócio, um casamento.

Fonte: M de Mulher



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